Uma das vozes que levaram à agora anulada sentença por estupro contra Harvey Weinstein em Nova York disse, nesta sexta-feira (26), que não tem certeza se poderá voltar a enfrentá-lo na corte em caso de novo julgamento.
Mimi Haley disse que sentiu "nojo" quando ouviu que um tribunal havia anulado a condenação do então todo-poderoso de Hollywood.
—As pessoas não sabem realmente o que vivi e o que outras mulheres tiveram que viver — disse Haley em entrevista coletiva, referindo-se ao julgamento do produtor caído em desgraça.
— É cansativo, difícil [...] você vive assustada por anos [...] e depois lhe assediam. Há muita coisa que as pessoas não veem e que eu tive que passar. E sim, gostaria de ter um minuto para refletir.
Acusações explosivas contra o ex-produtor vieram à tona em 2017 e deram origem ao movimento #MeToo, que pavimentou o caminho para que centenas de mulheres protestassem contra o abuso sexual em seus locais de trabalho.
Weinstein, de 72 anos, foi declarado culpado em 2020 pelo estupro e ataque sexual da ex-atriz Jessica Mann em 2013, e por obrigar Haley, ex-assistente de produção, em 2006, a praticar sexo oral. Foi sentenciado a 23 anos de prisão.
Nesta quinta-feira, a principal corte de Nova York determinou que o juiz responsável pelo caso falhou ao admitir o testemunho de mulheres que foram supostamente abusadas por Weinstein, mas que não figuravam nos casos específicos pelos quais estava sendo julgado.
A Promotoria do distrito de Manhattan indicou que vai realizar um novo julgamento, segundo relatos, o que certamente exigirá que Haley deponha novamente.
Se Weinstein voltar a ser julgado, Haley disse que o resultado deveria ser o mesmo, inclusive sem os depoimentos de outras mulheres.
— A verdade não muda — disse ela em coletiva de imprensa.—A evidência continua lá, não vejo porque haveria outro resultado.
Haley disse que tudo ainda era muito recente e que estava processando tudo, mas comentou que consideraria voltar a testemunhar.
— Definitivamente não quero passar por tudo de novo, mas, por seguir adiante, e fazer o correto, pelo que aconteceu, eu consideraria — disse.
A decisão de quinta-feira não afeta outra condenação de 16 anos por estupro que Weinstein recebeu na Califórnia, e o ex-produtor continua atrás das grades.