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GERADO EM: 01/07/2024 - 11:46

Legado literário de Ismail Kadaré

O escritor albanês Ismail Kadaré faleceu aos 88 anos, deixando um legado literário que aborda as relações entre poder e criação artística, inspirado em sua resistência ao autoritarismo. Seu romance Um ditador na linha recria um telefonema entre Stálin e Boris Pasternak, explorando os desafios enfrentados por artistas sob regimes totalitários.

Morto nesta segunda-feira (1º), aos 88 anos, o escritor albanês Ismail Kadaré logo estará de volta às livrarias brasileiras. No próximo dia 10, a Companhia das Letras coloca em pré-venda o romance “Um ditador na linha”, que evoca um telefonema do ditador soviético Stálin ao escritor russo Boris Pasternak, autor de “Doutor Jivago”. A ligação ocorreu em junho de 1934 e durou poucos minutos, mas deu origem a um punhado de rumores que abalaram a reputação de Pasternak, que receberia o Prêmio Nobel de Literatura em 1958.

A conversa entre o ditador e o romancista sempre assombrou Kadaré. “Há pouco tempo o poeta Mandelstam foi preso. O que pode dizer a respeito, camarada Pasternak?”, teria perguntado Stálin ao telefone. “Eu o conheço pouco. Ele é acmeísta, enquanto eu pertenço a outra tendência. De modo que nada posso lhe dizer sobre Mandelstam”, teria respondido o escritor, antes de desligar o telefone.

Há outras versões desse diálogo, que são retomadas por Kadaré em “Um ditador na linha”, romance que se apoia em relatos de testemunhas, jornalistas, biógrafos, escritores como Isaiah Berlin e Anna Akhmátova e até arquivistas da KGB, a política secreta soviética.

“Um ditador na linha” aborda as relações entre poder e criação artística. Poeta russo nascido na Polônia, Óssip Mandelstam morreu num campo de prisioneiros da ditadura stalinista em 1938. No romance, ele representa vários outros autores perseguidos por regimes autoritários. O próprio Kadaré viveu boa parte da vida sobre a ditadura de Enver Hoxha, que tornou a Albânia um dos países mais fechados do mundo.

Etnógrafo e romancista sarcástico, que alternava entre o grotesco e o épico, Kadaré explorou os mitos e a história de seu país para dissecar os mecanismos do totalitarismo. Sua obra foi traduzida para mais de 40 idiomas. Com frequência, ele era cotado para o Prêmio Nobel de Literatura.

“O inferno comunista, como qualquer outro inferno, é sufocante”, disse o escritor à AFP em uma das suas últimas entrevistas, em outubro. “Mas na literatura, isso se transforma em uma força vital, uma força que ajuda você a sobreviver, a vencer a ditadura com a cabeça erguida”, disse. “A literatura me deu tudo o que tenho, foi o sentido da minha vida, me deu a coragem de resistir, a felicidade, a esperança de superar tudo”, explicou, já debilitado, em sua casa em Tirana.

Kadaré rompeu com o regime comunista, deixou a Albânia em outubro de 1990 e recebeu asilo político na França. Relatou a ruptura em “Primavera albanesa” e em uma autobiografia. “A verdade não está nos atos, e sim em meus livros, que são um verdadeiro testamento literário”, disse certa vez o escritor.

Entre os romances mais celebrados do autor está “Abril despedaçado”, adaptado para o cinema por Walter Salles, que escalou Rodrigo Santoro como protagonista. O filme concorreu a prêmios como o Globo de Ouro e o Bafta.

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