A direção da BYD decidiu dobrar o volume de empregos previstos para a primeira fase da fábrica na Bahia, de 5 mil para 10 mil vagas.
Segundo o diretor institucional da BYD, Marcello Schneider, a decisão foi tomada com vistas a acelerar ao máximo o início de produção de veículos na unidade, previsto para o período entre o fim de 2024 e início de 2025.
O executivo anunciou o novo plano durante o Brazil China Meeting — uma iniciativa LIDE e Valor, com apoio institucional do GLOBO e CBN. O fórum de debates envolve empresas e autoridades dos dois países e é realizado, neste primeiro dia, no Mandarin Oriental Hotel, em Shenzhen, no Sudeste da China
A primeira fase do investimento para a instalação da fábrica na Bahia soma R$ 3 bilhões para uma capacidade de produção de 150 mil veículos por ano. Posteriormente, a capacidade instalada aumentará para 300 mil unidades.
A decisão de antecipar a abertura de vagas de trabalho, segundo Schneider, foi, em parte, tomada depois que o governo brasileiro anunciou a retomada do Imposto de Importação em carros 100% elétricos, suspensa desde 2016, e a elevação do tributo para os híbridos.
O cronograma de início da produção está inicialmente mantido para acontecer entre o fim de 2024 e início de 2025. Schneider não nega eventual antecipação de datas.
— O Brasil é a bola da vez para a BYD. É o único país fora da China que recebe investimentos em todas essas áreas. Temos que aproveitar muito esse momento. É o único país que tem ônibus, monotrilho, caminhão, empilhadeira e carros (da empresa)— diz Schneider.
Ao participar do painel “Indústria automobilística: Como as marcas chinesas podem transformar o mercado de veículos no Brasil e no mundo”, Schneider disse que já estão previstas alterações na planta fabril de Camaçari (BA).
— Em fevereiro agora iniciaremos uma obra de expansão. Vamos, praticamente, criar uma nova fábrica, uma nova estrutura— disse.
A fábrica pertencia anteriormente à Ford. Mas o governo da Bahia retomou a posse do terreno para repassá-lo à BYD.
O executivo também confirmou para fevereiro o lançamento do Dolphin mini, uma versão mais compacta e mais barata do modelo que ganhou destaque no mercado brasileiro ao se tornar o carro 100% elétrico com menor custo do Brasil. O modelo custa R$ 149,9 mil.
No mesmo painel do Brazil China Meeting, a diretora da divisão americana de vendas da BYD, Jolin Zhang, apresentou dados sobre a ascensão da companhia. Em 2023, a receita alcançou US$ 61,7 bilhões, 56% acima do total obtido em 2022.
Com 700 mil funcionários, a empresa que, além de automóveis e ônibus também produz baterias, painéis de energia fotovoltaicos e monotrilhos, conta hoje com 90 mil engenheiros.
— Chegaremos a 100 mil engenheiros este ano — afirmou a executiva. — A BYD não é somente uma empresa automobilística, ela se preocupa em também criar o ecossistema verde de energia.
Transporte coletivo
Com fábrica de ônibus em Campinas (SP) desde 2012, a BYD é uma das participantes do programa do município de São Paulo que prevê a inclusão de veículos elétricos na frota de transporte público. Na cidade do interior, é possível produzir 2 mil chassis de veículos coletivos por ano, com capacidade de expansão.
— No Brasil, já temos a maior frota ônibus elétricos movidos à bateria. (Ainda) são poucos, estamos falando de 100 unidades, mas a perspectiva é que isso cresça de maneira exponencial. Temos 70 mil já rodando no mundo — diz Marcello Schneider. — Vamos entregar 2 mil ônibus para a cidade de São Paulo, provavelmente ainda neste ano. A cidade começará a ser uma vitrine para o mundo e a maior frota fora da China muito em breve.
A empresa também está a frente das obras do monotrilho da linha 17-Ouro, em São Paulo. A primeira entrega para testes está prevista para o final deste ano.
— Foi o um desafio muito grande. Porque a empresa que ia assumir o monotrilho (anteriormente) acabou falindo. Estamos mudando toda nossa linha de montagem para poder atender ao trilho já existente. Criamos uma tecnologia para poder fazer esse atendimento.