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O Grupo Guararapes — dono da rede de lojas Riachuelo — encerrou a produção em sua fábrica de Fortaleza, no Ceará. Ao todo, cerca de dois mil funcionários da unidade foram dispensados.
A empresa informou que vai concentrar a operação fabril na unidade de Natal, no Rio Grande do Norte, em busca de ganhos em eficiência, competitividade e diversificação de produtos, explicou a companhia.
Alguns empregados da unidade de Fortaleza, onde eram produzidos jeans, tecidos planos e camisaria, foram convidados a migrarem para a fábrica de Natal. Mas o número de trabalhadores que será realocado, porém, ainda não está apurado.
Os demitidos receberam um pacote de benefícios de compensação, como extensão da cobertura do plano de saúde pelo dobro do prazo de aviso prévio, além do equivalente a meio salário mínimo. As costureiras receberam máquinas de costura industriais, enquanto os demais tiveram um salário adicional.
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O Grupo Guararapes enfatizou que a decisão preserva a produção nacional do grupo, que responde por, em média, 70% dos itens comercializados pela Riachuelo. Esse percentual será mantido mesmo com o fechamento da fábrica de Fortaleza.
No ano passado, o setor de vestuário registrou a maior inflação desde 1995, segundo dados divulgados pelo IBGE. Os preços subiram 18,02%.
Com inflação e desemprego em alta, resultando em queda no poder de compra da população, as ações das grandes varejistas do setor perderam valor em 2022. No caso do Guararapes, que também tem um braço industrial, o recuo foi de 32,76%. As ações das Lojas Renner perderam 13,81%, e os do Magazine Luiza, 62,05%, segundo levantamento de Einar Rivero, head Comercial da TradeMap.
Produção nacional mantida
Leonardo Cyreno, head de Estratégia e Inovação da AGR Consultores, destaca ainda que as empresas do varejo de moda vêm enfrentando a competição de concorrentes chineses, que vendem produtos mais baratos e avançam no e-commerce.
— Isso pressiona o mix de produtos em termos de custo e qualidade. Ao mesmo tempo em que o consumidor demanda mais produtos sustentáveis, propósito de marca, peças de qualidade e durabilidade. E a Riachuelo tem feito essa transformação nos últimos anos.
A varejista tem investido em produtos de melhor acabamento, com maior trabalho de curadoria de moda, e por isso também com tíquete médio mais alto.
— Esse processo exige mais eficiência produtiva, na cadeia logística, na oferta. E a reestruturação do Guararapes vai nessa direção. O cenário macro é desafiador e há esforço para ganhar competitividade, eficiência produtiva. Tanto que não há mudança nas lojas — frisa o especialista.
A fábrica cearense do Guararapes foi inaugurada em 1976 e contava com perto de dez mil metros quadrados de área construída. A de Natal, que fica no Distrito Industrial de Extremoz, tem cerca de 150 mil metros quadrados de área construída, somando sete mil funcionários diretos.
Outra vantagem é a proximidade do centro de distribuição de Natal, com 55 mil metros quadrados de área.
A depender de como a demanda no país se comportar, a fábrica do Rio Grande do Norte poderá ter sua produção ampliada, gerando novos postos de trabalho.
