Economia
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Por Vitor da Costa e Cássia Almeida — Rio

A economia brasileira cresceu 2,9% em 2022, mas o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos pelo país) caiu no último trimestre, segundo dados divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira. Em 2021, ano seguinte ao baque provocado pela pandemia de Covid, o PIB havia avançado 5%.

  • O resultado do PIB em 2022 veio um pouco abaixo das expectativas. Analistas previam em média uma alta de 3%.
  • O PIB per capita avançou 2,2% em relação a 2021, alcançando R$ 46.154,6 em 2022.
  • A queda do PIB no último trimestre foi de 0,2%, refletindo a alta de juros e o esgotamento das políticas de estímulo à economia adotadas durante o período eleitoral.
  • IBGE revisou crescimento no terceiro trimestre de 0,4% para 0,3% e de 1% para 0,9% no segundo trimestre.

O resultado do quarto trimestre de 2022 está relacionado com o aperto da política monetária realizada pelo Banco Central (BC). Com juros altos, o crédito fica mais caro, inibindo consumo e investimentos. O primeiro desacelerou e o segundo teve queda nos últimos três meses do ano. E a expectativa é que esses efeitos se intensifiquem à frente.

Em 2022, o avanço da economia foi puxado pelas altas nos serviços (4,2%) e na indústria (1,6%), que juntos representam cerca de 90% do PIB. Por outro lado, a agropecuária recuou 1,7% em 2022, devido ao forte recuo na produção de soja, que representa quase metade da produção de grãos nacional.

O setor de serviços foi beneficiado pelo efeito da reabertura da economia após a pandemia, quando havia uma demanda reprimida, especialmente por famílias de mais alta renda, que se viram impedidas de gastar com as restrições à circulação.

Medidas de estímulos por parte do governo, como a liberação de saques do FGTS e o aumento do Auxílio Brasil para R$ 600, que visavam a ampliar a popularidade do então presidente Jair Bolsonaro, também contribuíram para sustentar o consumo e impulsionar o setor.

O comportamento da economia em 2022 — Foto: Arte O GLOBO
O comportamento da economia em 2022 — Foto: Arte O GLOBO

Desonerações e auxílios para as famílias "têm efeito direto na economia", disse a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis. Segundo ela, 83% do crescimento do ano passado vieram dos serviços.

- Tínhamos um gap muito grande, com uma demanda reprimida, mas com maior poupança. As famílias que têm maior renda e demandam serviços puderam gastar esse dinheiro - completa Rebeca.

Fim da crise hídrica ajuda indústria

Na indústria, o maior destaque foi a atividade Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos, que teve salto de 10,1% no ano, um reflexo da crise hídrica de 2021, quando muitas térmicas tiveram que ser acionadas. A energia de térmicas é mais cara que a de hidrelétricas. Com menos usinas a gás ou a óleo ligadas, o custo dos produtores, o que ajudou na expansão do segmento, explicou Rebeca.

Ela lembra ainda que as bandeiras tarifárias foram mais favoráveis em 2022, ajudando no aumento do consumo de energia.

A atividade de construção, que fica dentro do guarda-chuva da indústria, teve alta de 6,9% no ano, também ajudando no avanço do setor, algo que costuma acontecer em ano eleitoral, quando há maior quantidade de obras públicas. No quarto trimestre, porém, ela caiu 0,7%.

Consumo cresce no ano, mas perde fôlego

Pela ótica da demanda, o consumo das famílias mostrou força e avançou 4,3% em relação ao ano anterior. Além da ampliação de programadas sociais e injeção de recursos na economia com FGTS, o crescimento está relacionado também à melhora no mercado de trabalho.

A expectativa para 2023, no entanto, é de freio no consumo. No quarto trimestre, ele já demonstra desaceleração, com alta de apenas 0,3%, ante expansão de 1% nos três meses anteriores. Além de juros, a inflação alta também reduz o fôlego das famílias para gastos.

O desempenho da economia nos últimos 10 anos — Foto: Arte O GLOBO
O desempenho da economia nos últimos 10 anos — Foto: Arte O GLOBO

Também há forte desaceleração de investimentos. Em 2022, eles cresceram apenas 0,9%, ante 16,5% no ano anterior. Parte da explicação é a base forte de 2021, quando os investimentos deram um salto, refletindo a retomada da economia no pós-pandemia.

Mas a comparação trimestral também mostra trajetória decrescente. Os investimentos caíram 1,1% entre outubro e dezembro, após dois trimestres seguidos de avanço.

A taxa de investimento em 2022 foi de 18,8% do PIB, praticamente estável em relação a 2021 (18,9%).

Revisões de PIBs trimestrais

Os sinais de desaceleração da economia em 2022 foram reforçados pelas revisões do resultado do PIB do segundo e terceiros trimestres. De acordo com o IBGE, o crescimento no terceiro trimestre de 2002 foi de 0,3% e não 0,4%.

Já entre abril e junho, foi de 0,9% e não 1% como inicialmente estimado.

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