Economia
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Por Bloomberg — Buenos Aires

Não são apenas brasileiros que aproveitam a conjuntura atual para consumir na Argentina. Viajantes de outros países da região estão inundando cidades argentinas por ar, terra e mar para aproveitar a crise cambial que torna tudo ali uma pechincha, desde estações de esqui aos famosos bife de lomo e vinho Malbec.

Os chilenos cruzam os Andes em massa para esvaziar as prateleiras de supermercados, forçando alguns atacadistas em Mendoza, a capital argentina do vinho, a definir horários para os estrangeiros fazerem compras.

Até a ministra da Economia do Uruguai, Azucena Arbeleche, já admitiu que o governo está perdendo receita de impostos com os cidadãos fazendo compras do outro lado da fronteira. Em abril e maio, últimos dados disponíveis, o número de uruguaios e chilenos que visitaram a Argentina mais que dobrou em relação a 2022.

Uma enorme lacuna entre as múltiplas taxas de câmbio da Argentina ressalta o aumento do turismo. Enquanto um dólar chega oficialmente a 268 pesos, devido a rígidos controles do governo, os visitantes que usam cartões de crédito emitidos no exterior pagam uma taxa de câmbio paralela em torno de 500 pesos por dólar. Outros visitantes recorrem ao mercado paralelo, cuja taxa é semelhante.

O peso argentino é a moeda com pior desempenho nos mercados emergentes este ano, com desvalorização acumulada de mais de 34%, apesar dos controles cambiais do governo.

Os uruguaios cruzam a fronteira nos fins de semana prolongados para saborear bifes baratos e encher o porta-malas com produtos básicos. Estes estão 59% mais baratos na cidade fronteiriça argentina de Concordia do que no município uruguaio do outro lado do rio, de acordo com uma pesquisa da Universidade Católica do Uruguai.

Turistas uruguaios gastaram mais de US$ 900 milhões na Argentina no ano fiscal encerrado em 31 de março, segundo dados do governo uruguaio.

Wilson Bueno, funcionário público aposentado e escultor, foi de carro com sua mulher de Paysandu, no noroeste do Uruguai, para visitar parentes em Buenos Aires no mês passado, e sobraram dólares suficientes para eles esticarem a viagem.

— Encher o tanque na Argentina custa menos da metade do que em Paysandu — conta Bueno, que visitou Mendoza.

Apesar do boom de viagens, a conta de turismo da Argentina é negativa, já que os gastos de seus cidadãos no exterior excedem o dinheiro que os visitantes estrangeiros trazem para o país.

O presidente Alberto Fernández adotou rígidos controles de capital para proteger as reservas internacionais cada vez menores do Banco Central argentino, mesmo ao custo de empurrar a economia para mais perto de recessão.

A agência de turismo Hiperviajes viu o número de uruguaios que reservam viagens para a Argentina saltar 80% este ano, em relação a antes da pandemia. Os viajantes, cada vez mais, procuram destinos além de Buenos Aires, como Bariloche, El Calafate e Mendoza, disse o gerente de vendas, Rodrigo Rosales.

— Também há pessoas que viajam ao exterior uma ou duas vezes por ano que estão adicionando uma viagem à Argentina — diz Rosales. — Comer no Uruguai pode custar três ou quatro vezes mais que na Argentina.

Há tantos uruguaios querendo esquiar na Argentina neste inverno que a Andes Lineas Aereas iniciou este mês voos diretos de Montevidéu para Bariloche. Um passe de um dia para um adulto na estação de esqui de Cerro Catedral, em Bariloche, sai por cerca de US$ 58 no câmbio paralelo. No resort Valle Nevado, no Chile, custa US$ 77.

Marcela Hoffens, uma dentista da cidade costeira chilena de Viña del Mar, passou duas semanas com o marido planejando cuidadosamente uma viagem noturna de compras a Mendoza, do outro lado da Cordilheira dos Andes, em maio.

Eles gastaram muito no supermercado atacadista Mayorista Oscar David, onde compraram arroz, óleo de cozinha e outros alimentos básicos, até sua cota de isenção de impostos de US$ 300 por pessoa. Hoffens avalia que pagariam mais que o dobro pelos mesmos produtos no Chile, onde uma escova de dente custa o mesmo que sete em Mendoza. Segundo Hoffens, havia muitas filas no supermercado, onde se encontravam muitos chilenos.

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