Economia
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Por Vitor da Costa — Rio

A elevação da nota de crédito do Brasil pela Fitch é positiva e sinaliza que o país está no caminho certo. Ainda assim, reformas já apresentadas precisam ser aprovadas e o país não pode retroceder em medidas aprovadas nos anos anteriores. Essa é a avaliação do diretor de Pesquisa Macroeconômica do Goldman Sachs para América Latina, Alberto Ramos.

Para Ramos, ainda há espaço para que sejam adotadas políticas que melhorem a eficiência do gasto público à frente e que serão decisivas para a retomada do grau de investimento. Após o anúncio da decisão da Fitch, o ministro Fernando Haddad comemorou e disse que a harmonia entre poderes é saída para Brasil obter grau de investimento.

Como avalia a elevação da nota de crédito do país?

É uma notícia positiva e que reflete o desempenho macroeconômico e fiscal melhor do que o esperado em anos recentes, apesar de uma série de choques provocados pela pandemia e outros.

As condições iniciais para este ano de 2023 não eram ruins. O país já vai numa trajetória de dois anos consecutivos de superávit fiscal primário, com o mercado de trabalhando bastante resiliente e robusto. A economia performou melhor do que o esperado em 2022 e no primeiro semestre de 2023 também mostra uma resiliência notável.

O caminho é esse, mas ainda há muita estrada pela frente. O Brasil com a fortaleza que tem em termos de reservas e balança de pagamentos merece estar no clube de grau de investimento, mas não está porque a política macro e micro deixam a desejar. Ainda são necessárias mais reformas que suportem o aumento de investimento e da produtividade e que estabilizem a dinâmica de dívida.

O país pode retomar o grau de investimento nos próximos anos, como defendem membros do governo?

Há muita estrada pela frente para retomar o grau de investimento. Não faz parte do meu cenário-base, mas não é impossível. Requer uma contundência em termos de reformas, que ainda não vejo. Inclusive, uma reforma administrativa, que ainda está pendente.

A estratégia implementada até agora tem sido a de tributar e gastar. E isso não é necessariamente uma consolidação fiscal de médio e longo prazo. O setor público no Brasil costuma ser um gastador bastante ineficiente em termos de efeito multiplicador do gasto público na economia.

Alguns aspectos da agenda micro e regulatória me preocupam. Requer ainda bastante reformas para que o país ultrapasse essa armadilha de baixo crescimento, baixo investimento e baixa produtividade. Esse é o grande desafio para voltar a ter grau de investimento.

Nos últimos meses, vimos a aprovação de matérias importantes como o arcabouço fiscal e a reforma tributária, com a tramitação ainda por ser concluída. Após esses movimentos, o que ainda falta para retomarmos o grau de investimento?

Nenhuma dessas reformas foi aprovada ainda, mas estão encaminhadas. O arcabouço fiscal elimina o risco de cauda (cenários extremos) de aumento descontrolado da dívida pública, mas fica a certeza que é um instrumento complexo, e a trajetória de primários associada ao novo arcabouço requer um aumento muito elevado da carga tributária. Isso tem implicações negativas para crescimento, investimento e até para inflação.

Ainda estamos em um ponto de estabilizar a dinâmica de dívida. Não basta apenas eliminar o risco de cauda, mas é preciso ir além disso.

A reforma tributária tem um período de transição muito longa e o impacto disso na eficiência econômica está por chegar a uns seis, sete anos à frente. Começa a ter um número elevado de exceções, e quanto mais exceções ocorrerem, menor o impacto positivo na economia.

O que pode jogar contra o país na busca por retomar o grau de investimento?

Há toda uma agenda micro - formada pela política de preços da Petrobras, postura do BNDES na concessão de crédito direcionado, marcos regulatórios - que pode minar a eficiência da economia.

Apesar de ser uma política micro, ela pode ter um impacto muito significativo na dinâmica do crescimento e da produtividade.

A retomada de grau de investimento traria que impactos práticos para o país?

O impacto prático é que reduz o prêmio de risco. As taxas de juros embutem um prêmio de risco pelo fato do Brasil não ser grau de investimento, e isso (retomada do grau) permite o acesso a financiamento seja do governo seja do setor corporativo a taxas mais competitivas.

Abre um leque mais amplo de investimentos estrangeiro. Muitos fundos têm limitações em alocação para países que não são grau de investimentos

A elevação da Fitch ocorre após um movimento positivo pela S&P e vemos o dólar apresentar forte queda no ano. O sentimento estrangeiro em relação ao Brasil melhorou? Se sim, esse momento é sustentável?

Claramente o sentimento melhorou. Se é sustentável ou não, vai depender da combinação de fatores domésticos e estrangeiros.

A atividade tem se mostrado resiliente, a inflação está cedendo, o Banco Central está prestes a iniciar o ciclo de corte de juros, e o câmbio está se apreciando. E parece que o ciclo de aperto monetário no exterior está prestes a terminar.

Há um apetite renomado em relação ao rico em mercados emergentes, e o Brasil se beneficia desse contexto. Não é só o Brasil, mas o fato da estratégia monetária local ter funcionado também ajuda nesse cenário macroeconômico.

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