Economia
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Por Cleyton Vilarino, Globo Rural — São Paulo

A intenção inicial de Mateus Belei era aumentar a produtividade de cana-de-açúcar plantada na propriedade da família em Lençóis Paulista, interior de São Paulo. O resultado, contudo, foi a criação de uma empresa de implementos agrícolas com um faturamento cinco vezes superior ao que a cana proporcionava.

Tudo começou quando ele e o irmão Henrique Belei decidiram adaptar um caminhão velho para substituir os tratores que usavam na colheita. A ideia era reduzir a compactação do solo provocada pelo peso da carga, que, muitas vezes, passava por cima das linhas de plantio, algo que poderia comprometer a produtividade.

A decisão de fazer a adaptação surgiu da falta de soluções no mercado. Embora os tratores viessem preparados para andar na entrelinha do plantio sem passar sobre a cana, a carreta que era puxada nem sempre seguia à risca o trajeto traçado pelo GPS.

A solução foi prolongar os eixos de um caminhão Mercedez de 1,90 metro para três metros a fim de abranger todo espaço entre uma linha e outra da cultura.

A estratégia deu resultado, aumentando a produtividade das lavouras de 70 toneladas de cana por hectare para 117 toneladas por hectare e salvando a saúde financeira da fazenda.

— Não digo que a gente estava à beira da falência, mas, por mais um pouco, sim. Nosso custo era alto para uma produção baixa, não fechava conta, e não tinha mais áreas para expandir — conta Mateus.

Impulso a novas ideias

A história dos irmãos Belei se confunde com a de muitos produtores brasileiros que, ao se depararem com dificuldades no dia a dia, acabam criando novos negócios.

— A gente percebe, quando vai a campo, muitas boas ideias surgindo quando se precisa atender a uma demanda imediata — relata a coordenadora de Educação Profissional do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Fabíola Bomtempo.

De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), 27.786 novos negócios foram abertos no segmento agropecuário e serviços relacionados em 2022 e, só no primeiro semestre deste ano, já foram 18.267.

Caminhão adaptado pelos irmãos Mateus e Henrique Belei em 2011 para aumentar produtividade na fazenda tornou-se um novo negócio, agora no setor de máquinas e implementos — Foto: Arquivo Grunner
Caminhão adaptado pelos irmãos Mateus e Henrique Belei em 2011 para aumentar produtividade na fazenda tornou-se um novo negócio, agora no setor de máquinas e implementos — Foto: Arquivo Grunner

Em Brasília, a dificuldade no escoamento da produção de legumes e verduras orgânicos foi o impulso para Flávia Nunes abrir sua própria empresa de distribuição oito anos após ter dado início à produção. Num primeiro momento, focada em atender apenas a si mesma, ela conta que, aos poucos, foi incluindo produtos de agricultores vizinhos e, hoje, atende cerca de 40 produtores da região.

— Havia outras pessoas que também produziam, só que não tinham como escoar a mercadoria. Já existiam algumas associações e cooperativas, mas não davam conta de pegar toda a mercadoria. Foi com essa situação que, em março de 2020, chamei dois parceiros para abrir a empresa que chama Suporte hoje — lembra Flávia.

Já no primeiro ano, a empresa faturou R$ 3 milhões. — Do nada, sem capital de giro, sem ter ajuda nenhuma, só comprando mercadoria, processando, embalando e revendendo — conta ela.

Hoje com um faturamento 65% superior ao obtido com o plantio de verduras e legumes e muito trabalho para administrar a empresa, ela precisou abandonar a atividade de produtora. O negócio, contudo, não saiu do radar. Trata-se, diz ela, de uma “pausa de ajuste”.

— Tive que tomar uma decisão superdifícil, porque gosto de produzir. Não sou agrônoma, mas amo a terra, sei produzir, gosto de produzir e, recentemente, adquiri uma nova propriedade, mais próxima da cidade, onde pretendo começar uma nova plantação — comenta a empresária.

Trabalhos andam juntos

De acordo com a coordenadora de Educação Profissional do Senar, a situação de Flávia não é incomum, sendo emblemático (e o ideal) quando as duas atividades são mantidas — como ocorreu com os irmãos Belei.

Com mais de 200 colaboradores, o negócio de máquinas anda lado a lado com o plantio de cana da família.

— Nenhum produto vai ao mercado sem passar pela chancela das fazendas de onde tudo começou. Isso é uma coisa que a gente não perdeu e não vai perder nunca. Tudo que é feito só vai ao mercado com autorização da fazenda — explica Mateus Belei.

Ele não esconde o orgulho do sucesso da empreitada:

— A gente foi muito insistente, e eu ousaria dizer corajoso, porque poderia ter dado muito errado também. Mas a gente persistiu muito para que isso desse certo e acabou que a gente hoje é referência.

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