Economia
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Devido ao avanço de tecnologias que vêm sendo lançadas desde o fim de 2022, a Editora Globo, que publica os jornais O GLOBO, Extra e Valor Econômico e mais uma dezena de revistas, decidiu atualizar as regras que impedem o uso de conteúdos de suas plataformas, passando a proibir, expressamente, o acesso de ferramentas de inteligência artificial (IA) generativa a seus sites, a fim de proteger o jornalismo profissional. O movimento acompanha a decisão de veículos de imprensa do mundo, como os jornais The New York Times, Washington Post e Financial Times.

Hoje, aplicações como o ChatGPT (da empresa OpenAI) e o Bard (do Google) utilizam informações encontradas na internet para gerar respostas às perguntas dos usuários — o que é chamado de "IA generativa". Essas ferramentas, no entanto, não remuneram as empresas de conteúdo.

A produção jornalística profissional e independente demanda grandes investimentos na apuração, checagem e edição minuciosa. Já as ferramentas de IA, criadas pelas big techs, se beneficiam de um manancial de informações já publicadas sem a permissão do criador original do conteúdo, em um modelo de apropriação sem remuneração que enfraquece as empresas de jornalismo.

A Associação Nacional dos Jornais (ANJ) defende que seja feito um pedido de autorização prévia pelas desenvolvedoras de plataformas de inteligência artificial às empresas jornalísticas e o pagamento de remuneração acordada pelo uso desses conteúdos. A ANJ faz parte de alianças internacionais que discutem neste momento a possibilidade de se conciliar o avanço da IA com o respeito à produção jornalística profissional. E recomenda aos seus filiados justamente a modificação de seus termos de uso para expressamente desautorizar a republicação de seu conteúdo por ferramentas de inteligência artificial.

— É preciso respeitar o direito de terceiros e remunerar a atividade. Quem usa o conteúdo de forma não autorizada comete algo ilegal — afirma o presidente da ANJ, o jornalista Marcelo Rech.

A presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), Samira de Castro, alerta justamente para o risco de informações que não foram tratadas com o rigor de uma apuração jornalística passarem pelos filtros da IA, levando a uma maior disseminação de desinformação:

— Essas ferramentas dificultam o acesso da população ao trabalho jornalístico, que tem a preocupação de apurar, de checar a veracidade dos fatos. É preciso não só estabelecer mecanismos legais para tratar da inteligência artificial, mas também buscar um diálogo maior entre os atores — diz.

O bloqueio já aplicado pela Editora está descrito nos chamados termos de uso, que regulam a utilização dos sites das publicações. A partir de hoje, um novo item foi incluído para vetar expressamente o uso de conteúdos, como textos, imagens, áudios e vídeos, por sistemas de inteligência artificial generativa. A íntegra dos termos de uso do GLOBO está neste link: https://oglobo.globo.com/termos-de-uso/

A Editora Globo vê o uso ético e responsável da IA generativa como uma oportunidade. Nos últimos anos, o grupo incorporou a tecnologia em seus sites para a recomendação de conteúdo de interesse do leitor a partir de seus hábitos. Entusiasta das evoluções tecnológicas, a Editora encoraja seus profissionais a testarem as mais diversas inovações e a pensarem em como aplicar a IA generativa de modo criativo.

Os jornalistas, no entanto, não a utilizam para gerar textos para publicação de reportagens, exceto nos casos em que o tema da reportagem seja a IA, com o leitor devidamente informado sobre o uso da tecnologia, em texto ou imagem. Os princípios editoriais do Grupo Globo definem o jornalismo profissional como uma atividade cujo propósito central é produzir um primeiro conhecimento sobre fatos e pessoas. E que, para tanto, tem de ser feito buscando-se isenção, correção e agilidade. A IA generativa jamais substituirá a capacidade de julgamento editorial, de revisão, da conexão de fatos e da detecção, checagem e relevância da notícia.

Em agosto, o New York Times atualizou seus termos de uso para proibir a reprodução de seu conteúdo jornalístico por sistemas de inteligência artificial. O jornal americano determinou que ferramentas automatizadas não podem usar o que é produzido pelo jornal sem permissão, e que o não cumprimento das restrições resultará em multa.

No início do mês, no Reino Unido, uma conferência global reuniu algumas das mentes mais brilhantes atentas aos dilemas regulatórios da inteligência artificial, com representantes de 28 países, incluindo o Brasil, e concluiu haver risco de aumento da desinformação.

“Há potencial para danos graves, até mesmo catastróficos, deliberados ou não intencionais”, diz o texto da Declaração de Bletchley, local da cúpula sediada pelo governo britânico, onde Alan Turing, um dos fundadores da ciência da computação, trabalhou na Segunda Guerra Mundial.

Em carta aberta às big techs assinada por veículos como France-Presse (AFP), Associated Press (AP), Gannett (que publica o jornal “USA Today”) e a Getty Images, os grupos de imprensa estimulam legisladores do mundo todo a pensarem em regulamentações que exijam a transparência nos dados de treinamento de IA e defendam o consentimento dos titulares de direitos antes do uso de conteúdo.

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