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Por AFP — Rio

Nos próximos anos, a inteligência artificial (IA) poderá substituir "até 80%" dos empregos e isso "é algo bom", provoca o cientista americano Ben Goertzel, destacado pesquisador sobre o tema.

De cabelos longos, estilo informal e chapéu com estampa animal print, este matemático nascido no Brasil desperta a atenção em conferências como a Web Summit do Rio, onde apresentou, na semana passada, Desdêmoda, a última versão de seu robô humanoide Grace, uma enfermeira criada para cuidar de idosos em asilos e hospitais.

Responsável por cunhar o termo "Inteligência Artificial Generativa" (IAG), aquela que mais se aproxima das habilidades cognitivas humanas, Goertzel, de 56 anos, disse em uma entrevista à AFP que faltam apenas alguns "anos" para a tecnologia emular esta que é uma habilidade intrínseca do ser humano.

E defendeu que esse futuro sistema seja administrado de forma descentralizada e democrática, objetivo pelo qual fundou e dirige a plataforma SingularityNET.

Quanto tempo falta para termos uma inteligência com habilidades cognitivas humanas?

Se queremos máquinas que sejam realmente tão inteligentes como as pessoas e tão ágeis para lidar com o desconhecido, precisamos que sejam capazes de saltos ainda maiores em seu treinamento e programação. E ainda não conseguimos. Creio, porém, que há motivos suficientes para pensar que não faltam décadas, mas sim anos.

O que pensa sobre o debate em torno do ChatGPT e seus riscos? Os pesquisadores deveriam parar por seis meses, como alguns defendem?

Não acredito que devemos parar, porque não se trata de uma IA super-humana perigosa (...) Não pode fazer raciocínios complexos de várias etapas, como requer a ciência. Nem inventar coisas novas fora do âmbito de seu treinamento com uma base de dados.

Há quem diga que deveríamos parar as pesquisas, porque esses sistemas podem disseminar a desinformação. Não concordo. Por que não proibimos a internet, que faz exatamente isso: coloca uma grande quantidade de informação ao alcance das suas mãos, e distribui também todas as mentiras e desinformação?

Acredito que devemos viver em uma sociedade livre, e assim como a internet não foi proibida, não deveríamos proibir isso.

O cientista americano Ben Goertzel, fundador e CEO da SingularityNET — Foto: MAURO PIMENTEL/AFP
O cientista americano Ben Goertzel, fundador e CEO da SingularityNET — Foto: MAURO PIMENTEL/AFP

O potencial da IA para substituir empregos não é uma ameaça?

Com sistemas da mesma natureza do ChatGPT que vão surgir nos próximos anos, minha suposição é que provavelmente cerca de 80% dos trabalhos manuais se tornem obsoletos. E isso sem a necessidade de criar uma IAG.

Não a vejo como uma ameaça, mas sim como um benefício. As pessoas poderão buscar melhores coisas para fazer, ao invés de passar a vida trabalhando (...) Praticamente, todas as tarefas administrativas poderão ser automatizadas.

O problema que vejo é o período de transição, quando as inteligências artificiais começarem a tornar obsoleto um trabalho atrás do outro (...) Não sei como resolver esses problemas sociais.

O que os robôs podem fazer hoje pela sociedade, e o que poderão fazer no futuro, com a inteligência artificial generativa?

Podem fazer muitas coisas boas. Um exemplo é a Grace, a enfermeira robô. Muitas pessoas nos Estados Unidos estão sozinhas em asilos. E, ainda que tenham atenção médica, alimentação, TV, elas tendem a ser insuficientes em termos de apoio emocional e social.

Se forem introduzidos nesses espaços robôs humanoides que respondam suas perguntas, escutem suas histórias, os ajudem a fazer ligações para os seus filhos ou a fazer pedidos na internet, se estará melhorando sua vida. Quando a IA generativa existir, se tonarão, então, acompanhantes melhores.

Nesse caso, não está eliminando empregos, porque não há pessoas suficientes que queiram trabalhar como enfermeiros ou cuidadores de idosos. A educação também seria um mercado incrível para os robôs humanoides, assim como o trabalho doméstico.

Como deveria funcionar a regulação para que a IA tenha um impacto positivo?

A governança dessas tecnologias deveria ser, de alguma forma, participativa, envolver a população. E tudo isso é tecnicamente possível. O problema é que as companhias que estão financiando a maioria das pesquisas em IA não se importam em fazer o bem. Importam-se em maximizar o seu valor para os acionistas.

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