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Por O Globo — Pequim

O ponto alto da passagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela China será seu encontro com o presidente Xi Jinping no final da tarde no Oriente (início da manhã no Brasil), atividade que concluirá a lotada agenda do petista nesta sexta-feira. Antes do compromisso no Grande Salão do Povo, em Pequim, o petista reuniu-se com outras autoridades chinesas e afirmou que deseja "elevar o patamar da parceria bilateral e equilibrar geopolítica mundial".

Lula começou seus compromissos oficiais com uma audiência com Zhang Zhigang, presidente da Companhia Nacional da Rede Elétrica da China, a State Grid, presente em 88% do território chinês. A empresa tem investimentos em energia elétrica no Brasil, com 19 concessionárias e linhas de transmissão em 14 estados.

Durante a audiência, segundo o Planalto, Lula reforçou a importância dos investimentos chineses no Brasil, a confiança na economia e o foco do governo em investimentos em energias renováveis, com a integração de projetos de geração eólica e solar com a rede convencional. O presidente esteve acompanhado de sua comitiva de ministros, deputados, senadores e governadores.

— Não queremos ser vendedores de empresas. Nós queremos construir, com parcerias, as coisas que precisam ser feitas no Brasil — afirmou o petista ao diretor da State Grid, que também está presente em países como Austrália, Chile, Filipinas, Grécia, Hong Kong, Itália e Portugal.

O líder brasileiro em seguida se encontrou com o presidente da Assembleia Popular da China, Zhao Leji, no Grande Salão do Povo, sede do governo chinês, na Praça da Paz Celestial. Lá, defendeu que os países elevem sua parceria estratégica, ampliem fluxos de comércio entre os países e equilibrem a geopolítica mundial, segundo o Planalto.

Ambos encontros foram a portas fechadas e tiveram acesso limitado da imprensa, mas o governo brasileiro afirma que Lula afirmou que Brasília e Pequim têm potencial de consolidar uma nova relação Sul-Sul no âmbito global.

Tanto Lula quanto Xi são defensores de uma reforma no sistema de governança global herdado do pós-Segunda Guerra Mundial, afirmando que não é mais adequado para impulsionar o desenvolvimento e fazer frente aos desafios do século XXI, como a crise climática. Na quinta, Lula questionou o fim da dolarização entre os países dos Brics e visitou um centro da gigante tecnológica Huawei, considerada "inimiga" de Washington.

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e presidente da Assembleia Popular da China, Zhao Leji, no Grande Salão do Povo — Foto: Ricardo Stuckert
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e presidente da Assembleia Popular da China, Zhao Leji, no Grande Salão do Povo — Foto: Ricardo Stuckert

Lula lembrou que, desde 2009, a China é a maior parceira comercial do Brasil. Em 2022, a China importou mais de US$ 89,7 bilhões em produtos brasileiros, e exportou quase US$ 60,7 bilhões para o mercado nacional. O volume comercializado, US$ 150,4 bilhões, cresceu 21 vezes desde a primeira visita de Lula ao país, em 2004.

— É com a China que nós temos a nossa maior balança comercial e é junto com a China que nós temos tentado equilibrar a geopolítica mundial discutindo os temas mais importantes — disse Lula. — Queremos elevar o patamar da parceria estratégica entre nossos países, ampliar fluxos de comércio e, junto com a China, equilibrar a geopolítica mundial.

De lá, o presidente e sua comitiva participaram de uma tradicional e breve cerimônia em que Lula depositou uma coroa de flores no Monumento aos Heróis do Povo, ao sul da Praça da Paz Celestial, um gesto habitual para líderes estrangeiros que visitam Pequim. O monumento é um obelisco de altura equivalente a 10 andares, erguido em homenagem aos mortos durante os esforços que culminaram na Revolução Chinesa, de 1949.

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e primeira-dama Janja da Silva, acompanhados de comitiva, participam de cerimônia no monumento aos Heróis do Povo, na Praça da Paz Celestial — Foto: Ricardo Stuckert
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e primeira-dama Janja da Silva, acompanhados de comitiva, participam de cerimônia no monumento aos Heróis do Povo, na Praça da Paz Celestial — Foto: Ricardo Stuckert

Depois Lula teve um encontro com representantes da Federação de Sindicatos de Toda a China, o último antes de seus compromissos da tarde. Às 15h30 (4h30 no Brasil), o presidente se encontrará com o primeiro-ministro chinês, Li Qiang. Uma hora depois, chegará para seu encontro com Xi no Grande Salão do Povo.

Haverá uma reunião ampliada, com as comitivas, por volta das 16h45 (5h45 no Brasil), e outra fechada, a partir das 17h30 (6h30 no Brasil). A expectativa é que discutam o aprofundamento dos laços e a ideia do petista de formar um grupo de países para mediar as negociações de paz na guerra na Ucrânia. Na semana que vem, o chanceler russo, Sergei Lavrov, virá a Brasília.

Em seguida, assinarão acordos — a expectativa é que haja ao menos 20 — e jantarão juntos. Lula deve ir em seguida à residência oficial do Brasil em Pequim, onde há uma conversa com a imprensa marcada para as 19h40 (8h40 no Brasil).

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