Em Lisboa, Lula critica Bolsonaro e repete estereótipo de 'português da padaria'

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– Dá para imaginar a irresponsabilidade de quem governou o Brasil nos últimos anos. Na nossa primeira cimeira em seis anos, assinamos 11 acordos (foram 13). Imagina se nós pudéssemos assinar uma média de 11 acordos a cada cimeira? Significa que deixamos de assinar com Portugal no mínimo 66 acordos que já poderiam fazer com que a nossa relação fosse mais extraordinária – disse Lula.

Sem citar o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro, que nunca visitou Portugal, Lula disse que a relação, retomada agora, estava abandonada. Para ressaltar a reaproximação, Lula disse que se sentia em casa:

– O que nós estamos fazendo aqui em Portugal é dizer ao povo português que nos sentimos em casa em Portugal, que para nós não é um país estrangeiro, é uma extensão da nossa casa chamada Brasil, como o Brasil é extensão de Portugal. É assim que devemos nos relacionar.

Todo este discurso de reaproximação preparou Lula para anunciar ao menos uma importante medida concreta para os empresários que fazem negócios com Portugal: a abertura de um escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) em Lisboa.

Lula disse que fica emocionado quando vê o Padrão dos Descobrimentos, monumento em homenagem à era das navegações marítimas.

– Fico emocionado, imaginado 1500 anos atrás alguém pegar um barquinho e sair daqui para encontrar um novo mundo, encontrar o Brasil e ajudar a fazer dele o que é hoje, com esse povo extraordinário que é resultado da miscigenação – disse ele.

Lula fez uma brincadeira que pode ser entendida como gafe em Portugal, ao reforçar o estereótipo de "português da padaria" no Brasil, ao falar que hoje em dia fica impressionado com a quantidade de brasileiros em Portugal:

– Impressionante a quantidade de artistas que moram aqui. Ao mesmo tempo, é impossível comprar um pão no Brasil sem falar com um português.

Em relação ao Brasil, Lula diz que vai estabelecer programa de infraestrutura e avançar com a retomada de obras paralisadas e se comprometeu a entregar mais creches:

– Só obras atrasadas são 14 mil, sendo quatro mil na educação. Vamos assumir agora o compromisso de entregar 1,6 mil creches que deixaram de ser feitas. O país ficou abandonado e isso é demonstrado na relação com Portugal.

No fim, Lula se despediu dizendo que o Brasil está de volta.