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Por AFP — Paris

A cinco dias do fim do prazo para o registro de candidaturas, o presidente do conservador Os Republicanos (LR, na sigla em francês), Éric Ciotti, propôs nesta terça-feira uma "aliança" com o Reagrupamento Nacional (RN), que saiu vitorioso das eleições para o Parlamento Europeu no domingo. Apesar de a proposta chocar oponentes e membros de sua sigla, Ciotti afirmou que o LR e o partido liderado por Marine Le Pen têm uma visão conjunta dos "valores de direita" e que a união permitiria "manter deputados" no Parlamento, dissolvido pelo presidente Emmanuel Macron após a vitória da extrema direita. Macron, que adiou para quarta-feira uma coletiva prevista inicialmente para esta terça, afirmou que não renunciará "seja qual for o resultado" do pleito.

— Precisamos de uma aliança com o Reagrupamento Nacional, [mas] sem deixarmos de ser nós mesmos — disse Ciotti à emissora TF1.

Os Republicanos são um partido tradicional de direita que governou no passado sob os presidentes Jacques Chirac (1995-2007), falecido em 2019, e Nicolas Sarkozy (2007-12), condenado por financiamento ilegal de campanha. Ciotti, que já conversou com Le Pen e o líder de extrema direita Jordan Bardella, que posteriormente confirmou que haverá uma aliança entre as duas siglas.

O gesto foi saudado por Le Pen, que elogiou a "escolha corajosa" e o "sentido de responsabilidade" de Ciotti. À AFP, ela também disse esperar que "um número significativo de dirigentes do LR o siga" na decisão. Se o acordo for selado, será o primeiro no país entre a direita e a extrema direita e confirmará o fim do tradicional “cordão sanitário” para o RN, herdeiro da Frente Nacional (FN) do veterano Jean-Marie Le Pen e pai de Marine, conhecido por suas declarações racistas.

Internamente, o anúncio de Ciotti encontrou resistência e deixou o partido em polvorosa. O líder de Os Republicanos no Senado, Bruno Retailleau, qualificou a proposta do presidente de Ciotti de "pessoal".

— [Ciotti] mentiu para nós — afirmou Retailleau. — Isso é deslealdade. É uma falha em ser honesto.

O presidente do Senado e figura de peso no LR, Gérard Larcher, e o líder do partido na Assembleia Nacional (Câmara Baixa), Olivier Marleix, pediram sua renúncia. Larcher afirmou que "nunca engoliria" um acordo com o RN. Em entrevista, Ciotti afirmou posteriormente que não renunciará e enfatizou que seu mandato dependia de membros do partido.

O ministro do Interior, Gérald Darmanin, que deixou LR no passado para se juntar às fileiras de Macron, denunciou Ciotti por ter “desonrado” o seu partido ao pretender assinar o que chamou de “os acordos de Munique”, em referência ao tratado de 1938 entre a Alemanha nazista, a Itália fascista, a França e o Reino Unido, que lhe permitiu anexar a região dos Sudetas da Checoslováquia.

'Lugar do presidente é claro'

Questionado sobre se renunciaria se seu partido perder as eleições legislativas, que ocorrem em dois turnos (30 junho e 7 de julho), Macron descarou nesta terça a medida.

— As instituições são claras e o lugar do presidente também, seja qual for o resultado — disse à revista Figaro Magazine.

Nesse cenário, o presidente corre o risco de dividir o poder com um governo de outra tendência política, em uma "coabitação". Na quarta, Macron prevê expor o que considera ser o "rumo" para a França e aparecer como a opção moderada contra as "forças extremistas", indicou uma fonte próxima do presidente.

O presidente, que chegou ao poder em 2017 com um discurso de centro, atraiu os descontentes com a tradicional alternância de poder entre socialistas e conservadores. Desde então, Macron tenta estabelecer distância dos "extremos" que seriam representados, em sua opinião, pelo RN — que obteve 31,37% dos votos nas eleições europeias, muito à frente da coalizão governista (14,60%) — e França Insubmissa (LFI, na sigla em francês), a esquerda radical.

Apesar da queda de popularidade do presidente de centro, cujos mandatos são marcados por fortes protestos sociais como os dos "coletes amarelos" contra um imposto sobre combustíveis ou contra a reforma previdenciária, o partido governista tenta resgatar seu espírito inicial.

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