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Por O Globo e agências internacionais — Londres

RESUMO

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GERADO EM: 01/08/2024 - 20:28

Protestos e violência no Reino Unido: medidas contra discurso extremista

Em meio a protestos após ataque brutal no Reino Unido, juiz revela nome de suspeito menor. Violência gera desinformação islamofóbica. Medidas de segurança anunciadas para conter onda de violência e confrontos. Extrema direita incita ódio, atos violentos e ataca mesquitas. Premier promete ações para garantir segurança pública e denuncia discurso extremista. Redes sociais incentivam manifestações violentas.

Em meio a violentos protestos motivados pelo assassinato de três crianças, na segunda-feira, um juiz do Reino Unido decidiu divulgar o nome do suspeito de ser o responsável pelo ataque, um menor de idade que, segundo a legislação local, só poderia ter a identidade revelada depois de fazer 18 anos. A decisão, considerada "excepcional", foi uma tentativa de conter a onda de desinformação desencadeada após as mortes, ligada à extrema direita e que traz um forte teor islamofóbico.

Na decisão, anunciada nesta quinta-feira, o juiz Andrew Menary disse que "continuar a impedir a divulgação completa [de notícias] neste momento tem a desvantagem de permitir que outros façam atos errados e continuem a espalhar informações erradas". O magistrado destacou que se tratava de uma decisão "excepcional", mas que "a balança claramente pende em favor do interesse público em permitir a divulgação completa desses procedimentos". O pedido para a divulgação do nome foi feita por veículos de imprensa britânicos.

Na segunda-feira, o agora publicamente identificado Axel Muganwa Rudakubana, de 17 anos e nascido no Reino Unido, invadiu uma aula de dança na cidade de Southport, onde havia crianças de 6 a 11 anos, esfaqueando quem via pela frente. Duas meninas, identificadas como Bebe King, de 6 anos, e Elsie Dot Stancombe, de 7, morreram no mesmo dia, enquanto a terceira, Alice da Silva Aguiar, de 9 anos, morreu na manhã desta terça-feira. Outras oito crianças ficaram feridas, cinco em estado grave. Dois adultos que tentaram protege-las também precisaram de atendimento médico.

Rudakubana, que completa 18 anos na semana que vem, compareceu a um tribunal de Liverpool nesta quinta-feira, onde foi formalmente acusado por três homicídios e por 10 tentativas de homicídio, além da acusação de posse de arma branca. Ele não falou durante a audiência, e nenhum parente das vítimas estava presente. Ao final da sessão, que durou cinco minutos, o juiz Andrew Menary decidiu colocá-lo em prisão preventiva em um centro para menores

Da esquerda para a direita, Alice da Silva Aguiar, Elsie Dot Stancombe e Bebe King, que morreram em consequência dos ferimentos do ataque — Foto: Polícia de Merseyside/AFP
Da esquerda para a direita, Alice da Silva Aguiar, Elsie Dot Stancombe e Bebe King, que morreram em consequência dos ferimentos do ataque — Foto: Polícia de Merseyside/AFP

O ataque comoveu o Reino Unido: ao redor do país, houve homenagens e memoriais às vítimas. Fãs britânicos da cantora americana Taylor Swift, tema da aula de dança quando ocorreu o ataque, fizeram uma vaquinha que levantou mais de £340 mil (R$ 2,49 milhões). A cantora também se pronunciou na terça-feira, dizendo que as as vítimas "eram apenas crianças em uma aula de dança, e que estava "completamente sem palavras para expressar minhas condolências a essas famílias”.

Mas em meio à dor, alguns viram espaço para expressar o ódio: em Southport, protestos organizados por grupos de extrema direita se concentraram em frente a uma mesquita, depois de informações (falsas) publicadas em redes sociais afirmarem que o responsável pelo ataque era muçulmano e imigrante ilegal — dezenas de pessoas foram presas, e houve confronto intenso com a polícia. Pelo menos 50 agentes ficaram feridos, de acordo com forças de segurança locais.

Houve atos violentos em outras regiões, como Manchester, onde duas pessoas foram presas após atacarem um funcionário da saúde, Hartlepool, onde um carro da polícia foi incendiado, e Aldershot, onde um deputado afirmou que pessoas vindas de outras cidades estavam incitando ataques.

Na quarta-feira, no mais grave dos incidentes, 100 pessoas foram presas por envolvimento em confrontos com a polícia em Whitehall, na região central de Londres. Segundo a BBC, muitos dos que participaram do ato gritavam palavras de ordem contra a imigração e de tom islamofóbico — também foram lançados fogos de artifício contra os portões de Downing Street, onde fica a residência do primeiro-ministro, e contra uma estátua do ex-premier Winston Churchill. Segundo as autoridades londrinas, alguns agentes precisaram de tratamento médico, mas sem gravidade.

Premier do Reino Unido, Keir Starmer, em pronunciamento para anunciar medidas de combate a protestos violentos — Foto: HENRY NICHOLLS / AFP
Premier do Reino Unido, Keir Starmer, em pronunciamento para anunciar medidas de combate a protestos violentos — Foto: HENRY NICHOLLS / AFP

Para tentar conter a onda de violência, o premier Keir Starmer anunciou, nesta quinta-feira, que as forças de segurança britânicas vão aumentar a cooperação para, segundo ele, conter as "as ações de uma pequena e inconsequente minoria", e prometeu "tomar as medidas necessárias para deixar as ruas seguras". As medidas incluem um maior compartilhamento de inteligência e a expansão do uso de tecnologias de reconhecimento facial, além de novas ordens de restrição de movimento a acusados de participação nos protestos, similares às aplicadas a envolvidos em brigas de torcidas.

— Esses bandidos estão em movimento, eles se movem de comunidade para comunidade, e precisamos de uma resposta policial que possa fazer o mesmo — disse o premier trabalhista.

No pronunciamento, Starmer também atacou o discurso de extrema direita, acusando os responsáveis pelos protestos violentos de "fingirem falar em nome" das famílias enlutadas, e que os confrontos estão fazendo com que Southport tenha que "sofrer mais uma vez" depois do ataque de segunda-feira.

— Mesquitas estão sendo atacadas porque são mesquitas, e a extrema direita está mostrando quem é. Temos que mostrar quem somos ao responder a isso — disse Starmer.

Segundo a rede SkyNews, contas anônimas na rede social TikTok estão encorajando as pessoas a participarem de protestos violentos. Em comum, as publicações trazem mensagens contra a imigração e dão instruções para quem for aos atos, como cobrir o rosto. Apesar de usarem nomes diferentes, a SkyNews encontrou elemenos em comum que sugere que uma mesma pessoa, ou mesmo grupo, esteja por trás da iniciativa.

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