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Por O Globo com agências internacionais — Tel Aviv

O Exército de Israel confirmou nesta quinta-feira que o chefe do Estado-maior do Hamas, Mohammed Deif, está morto. As Forças Armadas e o serviço de inteligência Shin Bet informaram que apenas agora reuniram informações suficientes para afirmar que Deif está entre os mortos do ataque aéreo lançado contra um prédio em al-Mawasi, na região de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, há 19 dias. O Hamas não confirma a morte.

"As FDI [Forças de Defesa de Israel] anunciaram que, em 13 de julho de 2024, aviões de combate das FDI bombardearam a área de Khan Yunis e, após uma avaliação de inteligência, é possível confirmar que Mohammed Deif foi eliminado no ataque", informou o Exército em um comunicado oficial. Nas redes sociais, porta-vozes militares divulgaram imagens do bombardeio.

Mohammed Deif era apontado por Israel como um dos arquitetos do atentado terrorista de 7 de outubro, que desencadeou o atual conflito em Gaza. Comandante das Brigadas al-Qassam, unidade de elite dentro das forças palestinas, ele também é acusado de planejar atos terroristas contra o território israelense, incluindo uma série de atentados com homens-bomba, no fim dos anos 1990.

Em 13 de julho, os militares israelenses lançaram um ataque aéreo contra a região de al-Mawasi, que disseram ter como alvo principal o comandante militar do Hamas e o chefe da brigada de Khan Younis, Rafah Salameh. O bombardeio deixou cerca de 90 mortos e cerca de 300 feridos, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas. Organizações internacionais que atuam em solo palestino confirmaram crianças e mulheres entre as vítimas.

Logo após o ataque, o Hamas emitiu um comunicado afirmando que as alegações sobre a morte de Deif eram falsas. Em uma entrevista à rede catari al-Jazeera, um alto funcionário do Hamas, Khalil al-Hayya, chegou a afirmar na época que Deif estaria ouvindo o anúncio de sua morte e "zombando" do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.

Após a versão do Hamas repercutir, os militares israelenses disseram "não ter certeza" se a ação havia sido bem sucedida. Quase 20 dias depois, as fontes militares e de inteligência disseram ter reunido as evidências necessárias para afirmar que o ataque foi bem-sucedido.

Em uma publicação no Telegram nesta quinta, o membro do Hamas Izzat al-Rashq disse que não há confirmação sobre a alegação israelense de que matou Deif.

"Confirmar ou negar o martírio de qualquer um dos líderes [das Brigadas al-]Qassam é uma questão para a liderança das Brigadas al-Qassam e a liderança do movimento", diz a publicação. "A menos que qualquer um deles anuncie, nenhuma das notícias publicadas na mídia ou por qualquer outra parte pode ser confirmada".

Reação de palestinos ao identificar corpo de um membro da família no necrotério do hospital Nasser, em Khan Yunis, em 13 de julho de 2024 — Foto: Eyad BABA / AFP
Reação de palestinos ao identificar corpo de um membro da família no necrotério do hospital Nasser, em Khan Yunis, em 13 de julho de 2024 — Foto: Eyad BABA / AFP

Autoridades israelenses foram rápidas em comemorar o anúncio da morte de Deif. O ministro da Defesa, Yoav Gallant, classificou a morte do líder palestino como “um marco significativo no processo de desmantelamento do Hamas” em Gaza, chamando Deif de "Bin Laden de Gaza". O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, um dos líderes da ala de extrema direita do governo Netanyahu, disse que a morte era um incentivo para manter o esforço de guerra.

"O colapso do Hamas está mais próximo do que nunca, pois lutamos em todas as frentes", escreveu Smotrich em uma publicação nas redes sociais. "Não podemos parar apenas um momento antes da vitória".

Outras autoridades reagiram de forma mais comedida. O presidente Isaac Herzog afirmou que a morte de Deif não poderia ser considerada uma vitória enquanto cidadãos israelenses permanecessem feito reféns em Gaza.

— Não vamos conseguir respirar aliviados, não estaremos completos, não seremos capazes de nos chamar de um país ou uma sociedade que foi consertada, e não podemos dizer que vencemos [até que os reféns voltem para casa] — disse Herzog.

O ex-primeiro-ministro e líder da centro-esquerda Yair Lapid afirmou que a morte de Deif era uma notícia a ser recebida com "satisfação", chamando de uma "conquista militar muito importante, diferente de qualquer outra". Porém, exigiu um avanço estratégico para garantir a volta dos reféns.

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— Essas conquistas militares devem ser traduzidas em conquistas políticas estratégicas e tudo deve ser feito para devolver os reféns para suas casas, agora — disse Lapid

A confirmação da morte vem um dia após o líder do gabinete político do Hamas, Ismail Haniyeh, ser morto em um bombardeio em Teerã. Israel não se pronunciou sobre a morte de Haniyeh, mas tanto o governo iraniano quanto o comando do grupo palestino culparam o Estado judeu e prometeram vingança.

Um fonte militar ouvida pelo GLOBO avaliou que as recentes baixas no comando do grupo palestino fizeram o Hamas recuar 20 anos no tempo. O militar afirmou que após a morte de Deif, o Hamas foi incapaz de responder a Israel, o que seria um indício da perda de capacidade operativa após 10 meses de guerra. Para fins de comparação, o oficial mencionou a reação do Hamas após a morte do xeique Ahmad Yassin, líder espiritual do grupo, em 2004, quando o grupo respondeu com o lançamento de foguetes em direção a Israel.

Quem é Mohammed Deif?

Apelidado de "fantasma" por conseguir se esconder e escapar de tentativas de ataque de Israel desde 1995, Deif ficou conhecido como "a voz" do atentado de 7 de outubro contra Israel, quando divulgou um discurso gravado enquanto homens do Hamas estavam em território israelense. Ele afirmou que a ação era para que "o inimigo entenda que o tempo de sua fúria sem responsabilização acabou".

Nascido em 1965 em uma família palestina pobre, Deif cresceu no campo de refugiados de Khan Younis e se juntou ao Hamas quando jovem, na época em que o grupo foi fundado no final da década de 1980.

Carro de  Mohammed Deif,  destruído em setembro de 2002, depois que ele foi alvejado por mísseis de helicópteros israelenses — Foto: AFP
Carro de Mohammed Deif, destruído em setembro de 2002, depois que ele foi alvejado por mísseis de helicópteros israelenses — Foto: AFP

Ele rapidamente subiu na hierarquia da organização, desenvolveu uma reputação como um mestre em fazer bombas e orquestrou uma série de ataques a Israel, incluindo uma série de atentados mortais a ônibus que minaram o processo de paz israelense-palestino em meados da década de 1990.

Analistas o creditam por transformar a ala militar do Hamas, as Brigadas Qassam, em uma força de combate poderosa e bem organizada com dezenas de milhares em suas fileiras.

O sucesso do Deif em escapar de esforços israelenses anteriores para matá-lo — acredita-se que ele tenha perdido um olho e ficado gravemente ferido — aumentou seu status aos olhos de alguns palestinos.

Ele sobreviveu a mais de oito tentativas de assassinato, de acordo com a inteligência israelense. Em 2014, um ataque aéreo israelense matou uma de suas esposas e um filho pequeno.

Em maio deste ano, o procurador-chefe do Tribunal Penal Internacional (TPI), Karim Khan, solicitou um mandado de prisão contra Deif e outros membros do Hamas por crimes de guerra e contra a Humanidade cometidos durante a guerra em Gaza. (Com NYT)

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