Música
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Por Ricardo Ferreira, O Globo — Rio de Janeiro

Os Titãs não têm mais a cara que eles tinham. Mas se adaptaram. E mais de 40 anos depois da formação da banda, Nando Reis, Paulo Miklos, Arnaldo Antunes, Charles Gavin, Tony Bellotto, Branco Mello e Sérgio Britto finalmente estão juntos de novo. Nesta quinta-feira (27), na Jeunesse Arena, na Barra da Tijuca, os Titãs fizeram o primeiro show da aguardada turnê Encontro.

Muita coisa aconteceu desde a morte do guitarrista Marcelo Fromer, em 2001 — fato que impulsionou um gradativo desmanche da banda —, até as 22h20 da noite de quinta, momento em que eles entraram no palco, ovacionados por um público nostálgico. De lá pra cá, os integrantes experimentaram projetos pessoais, uns mais, outros menos, mas nunca houve uma grande reunião como essa. Além do Rio, outras 17 cidades brasileiras, além de Lisboa, em Portugal, estão na rota da turnê comemorativa.

Liminha, Paulo Miklos, Nando Reis e Tony Bellotto — Foto: Lucas Tavares / Agência O Globo
Liminha, Paulo Miklos, Nando Reis e Tony Bellotto — Foto: Lucas Tavares / Agência O Globo

Antes do início da apresentação, Malu Mader fazia sala no backstage com amigos de longa data, como a atriz Cláudia Abreu, enquanto famosos como Thiago Lacerda, Paulinho Moska, George Sauma, Otávio Muller, Betty Gofman e Luís Miranda iam chegando na pista. No corredor da arena, uma loja de souvenir vendia casacos de moletom da banda a R$ 280, camisetas a R$ 130, e bonés pela bagatela de R$ 100. Os ingressos esgotaram para os dois dias (eles também se apresentam nesta sexta-feira, 28, na Jeunesse Arena). Cerca de 14 mil pessoas receberam os músicos calorosamente quando eles subiram no palco, 35 minutos depois do horário previsto. E foram logo aos trabalhos, com “Diversão” abrindo o setlist. “Às vezes qualquer um faz qualquer coisa por sexo, drogas e diversão”, cantou Paulo Miklos, acompanhado de um público majoritariamente cinquentão.

Depois da terceira música, Branco Mello pediu a palavra e explicou a rouquidão. “Como alguns de vocês devem saber, tive que tirar um tumor na garganta, passei por uma operação delicada. Mas estou muito feliz de estar aqui hoje, vivo, falando, e ainda vou cantar pra vocês”. Dito e feito, ele assumiu o vocal em “Tô cansado”, a quarta música do show. Diante da limitações, se saiu bem. No final de 2021, Mello ficou 31 dias internado por conta de uma cirurgia para a retirada de um tumor na hipofaringe.

Titãs inauguram Turnê do Encontro, no Rio

Titãs inauguram Turnê do Encontro, no Rio

O primeiro bloco seguiu com algumas das canções mais pesadas do grupo, como as de protesto “Igreja” e “Estado violência”, culminando na icônica “Cabeça dinossauro”, décima terceira música do show. “Assustador perceber como músicas escritas há 30 anos não perderam sentido. A gente fez o que tinha de ser feito”, pontuou Nando Reis.

Momento acústico

O clima, então, mudou. Nando deixou o baixo com Mello e sacou seu violão Martin. Os Titãs se sentaram. E iniciaram um bloco que lembrava o “Acústico MTV”, disco que deu um novo gás para a banda no final dos anos 1990, vendendo quase dois milhões de cópias. Foi o momento tranquilão: da doce “Epitáfio”, com direito a milhares de lanternas de celulares ligadas, passando pela romântica “Pra dizer adeus”, até a melancólica “Cegos no castelo”, tudo na companhia do músico, produtor e arranjador Liminha, que também estava lá, naquele “Acústico MTV”, e sempre foi uma espécie de titã coringa.

Alice Fromer e Arnaldo Antunes no palco: filha de Marcelo Fromer cantou "Toda cor" e "Não vou me adaptar" com os amigos do pai — Foto: Divulgação / Marcos Hermes
Alice Fromer e Arnaldo Antunes no palco: filha de Marcelo Fromer cantou "Toda cor" e "Não vou me adaptar" com os amigos do pai — Foto: Divulgação / Marcos Hermes
Alice Fromer é abraçada por Nando Reis ao final de sua participação — Foto: Divulgação / Marcos Hermes
Alice Fromer é abraçada por Nando Reis ao final de sua participação — Foto: Divulgação / Marcos Hermes

Metade do show já havia se passado quando Alice Fromer, filha do guitarrista Marcelo Fromer, foi convocada para subir no palco. Com os amigos do pai, cantou “Toda cor”, composição de Fromer com Carlos Barmack e Ciro Pessoa, e “Não vou me adaptar”, de Arnaldo Antunes. Saiu abraçada pelos músicos num dos momentos mais afetivos da noite.

Continuaram os hits absolutos, com “Marvin” e “Go back” — letra do poeta piauiense Torquato Neto (1944-1972), lembrado no palco por Paulo Miklos. Às 23h15, a banda fez a arena cantar “É preciso saber viver”, de Erasmo Carlos e Roberto Carlos, que os Titãs regravaram em 1998 no álbum “Volume dois”. Miklos orquestrou palmas da plateia e lembrou do com carinho do Tremendão. Em “32 dentes”, a coisa estava no auge: Bellotto jogando paleta pra galera, Branco Mello cantando mais uma e o público amarradão.

Durante “Porrada” e “Polícia”, uma rodinha de mosh reuniu fãs mais acelerados, digamos, que trocaram empurrões amigáveis na pista. “Aa uu” e “Bichos escrotos” finalizaram o último bloco e a banda deixou o palco. Não demoraram e logo voltaram para o bis, com “Miséria”, “Família” e “Sonífera ilha”. As luzes se acenderam, indicando que, agora sim, o show havia acabado. Era quase 1h da madrugada e o recado estava dado. “Ih, fud...., o Titãs apareceu”, comemorava parte da plateia, em coro.

Show teve mais de duas horas e meia de duração e setlist com 31 músicas — Foto: Divulgação / Marcos Hermes
Show teve mais de duas horas e meia de duração e setlist com 31 músicas — Foto: Divulgação / Marcos Hermes

Veja o setlist completo do show:

  1. Diversão
  2. Lugar nenhum
  3. Desordem
  4. Tô cansado
  5. Igreja
  6. Homem Primata
  7. Estado violência
  8. O pulso
  9. Comida
  10. Jesus
  11. Nome aos bois
  12. Eu não sei fazer música
  13. Cabeça dinossauro
  14. Epitáfio
  15. Cegos do castelo
  16. Pra dizer adeus
  17. Toda cor
  18. Não vou me adaptar
  19. Marvin
  20. Go back
  21. É preciso saber viver
  22. 32 dentes
  23. Flores
  24. Televisão
  25. Porrada
  26. Polícia
  27. Aa uu
  28. Bichos escrotos
    --- BIS ---
  29. Miséria
  30. Família
  31. Sonífera Ilha

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