Cultura
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Por Kathlen Barbosa — Rio de Janeiro

Depois que denúncias revelaram a situação de emergência vivida pelos indígenas ianomâmi em Roraima, a região e a comunidade passaram a receber atenção e apoio nacional e internacional. Há mais de 50 anos fotografando e trabalhando com os ianomâmis, a fotógrafa Claudia Andujar conta ao GLOBO que a crise humanitária enfrentada pela comunidade já existe há décadas.

— Essa situação não começou ontem — diz Andujar, 91 anos. — Eu acho que o governo brasileiro não tinha interesse na questão dos povos indígenas, ou muito pouco interesse. Creio que se reconhecessem a importância de apoiar e ajudar os povos indígenas, a situação poderia melhorar muito.

Andujar diz ter “esperança” de que isso aconteça com a mudança do governo federal:

— Eu quero acreditar que o Lula vai conseguir e que vai ter interesse em defender os povos indígenas do Brasil. Eu espero que ele ajude o povo ianomâmi a ficar tranquilo, porque eles sofrem há muitos anos com a invasão das suas terras por garimpeiros. Para mim, eles são gente como todos nós. Acho que o mundo tem que ser mais igualitário e o governo brasileiro poderia ser um exemplo ao dar essa possibilidade aos povos indígenas no Brasil.

'Mudou minha vida'

Em 1955, Claudia Andujar desembarcou no Brasil e começou sua carreira como fotógrafa em São Paulo. A jovem suíça de 24 anos que não falava português enxergou na fotografia uma forma de se comunicar em solo brasileiro. Curiosa para conhecer mais sobre as raízes brasileiras, Claudia visitou uma aldeia ianomâmi pela primeira vez em 1971 e começou a fotografá-los.

— Acabei me tornando amiga deles. Isso mudou muito a minha vida — diz.

Além de retratar a cultura e o cotidiano dos ianomâmis por meio da fotografia, Andujar também se envolveu na luta política pelos direitos da comunidade indígena. De 1978 a 2000, a ativista trabalhou para a Comissão Pró-Yanomami e coordenou a campanha para a demarcação da Terra Yanomâmi na Amazônia, demarcada em 1991 e homologada em 1992.

A ativista diz que seu engajamento político na luta ianomâmi está "muito ligado" a sua história familiar. Nascida em Neuchatel, na Suíça, a fotógrafa é filha de uma protestante suíça e um judeu húngaro. Na infância, ela morou na região da Transilvânia, na Romênia. Quando os nazistas chegaram ao país durante a Segunda Guerra Mundial, ela fugiu para a Suíça com a mãe e em 1946, após sobreviver ao Holocausto, foi morar em Nova York. Seu pai, Siegfried Haas, e quase toda a sua família paterna foram deportados para os campos de concentração de Auschwitz, na Polônia, e Dachau, na Alemanha, onde foram assassinados.

Naturalizada brasileira, Claudia conta que desenvolveu uma relação muito próxima com os ianomâmis ao longo dos anos. “Eu os considero como minha família”, destacou a fotógrafa. O líder indígena Davi Kopenawa Yanomami disse em 2019 que Claudia é “como uma mãe” para a comunidade.

— Ela entrou na briga por nossa causa, para nos defender — declarou o xamã, atualmente presidente da Hutukara Associação Yanomami (HAY).

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