A queda nas ações do Magazine Luiza fez com que a empresária Luiza Trajano deixasse a lista de bilionários da Forbes. Os papéis da companhia recuaram 87,7% nos últimos 12 meses. A executiva já foi eleita em setembro de 2021 uma das cem mulheres mais influentes do mundo pela revista Time.
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O comportamento dos papéis do Magalu reflete a mudança no cenário macroeconômico, que atingiu em cheio as varejistas, com a combinação de inflação de dois dígitos, juros em alta e endividamento das famílias, o que reduz espaço para consumo. A própria executiva já havia alertado para o impacto que essa combinação poderia ter para o varejo no terceiro trimestre do ano passado.
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“Com inflação em dois dígitos, o Banco Central já disse que tem que aumentar juro, o que acaba com o consumo. Acabou o consumo, acaba o emprego e crédito se reduz. Um país emergente como o nosso vive de renda e crédito, não tem dinheiro sobrando”, disse ela em evento promovido por um banco, na ocasião.
Cerca de 1.500 lojas
Neste ano, os papéis do Magalu tiveram queda de 62,05%. As ações da companhia, que chegaram a ser negociadas em torno de R$ 24, em julho do ano passado, estão agora em R$ 2,55. Em dezembro de 2021, o patrimônio da empresária havia caído para US$ 1,4 bilhão. Seis meses antes, era estimado em US$ 5,6 bilhões.
Além da perda de valor nos papéis, a empresa da família Trajano registrou prejuízo líquido ajustado de R$ 98,8 milhões no primeiro trimestre, ante lucro de R$ 81,5 milhões registrado de janeiro a março de 2021. O freio veio principalmente do impacto maior das despesas financeiras.
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Além do cenário mais adverso, as empresas enfrentaram mais concorrência, com o avanço da Shopee, de Cingapura, que iniciou operações no país em 2019.
Luiza deixou a presidência do Magalu em 2009. Hoje é presidente do Conselho de Administração. Ela acompanha de perto o dia a dia e a operação da companhia. Está, por exemplo, integrada ao Caravana Magalu, um grande projeto para captar novos vendedores para o marketplace da empresa — que fechou março com 180 mil participantes. É presença constante em eventos internos com os funcionários.
A empresa chegou à Bolsa em 2011, pelas mãos de Marcelo Silva. Frederico Trajano, filho de Luiza Helena, assumiu o comando em 2016.
Capitalizada, a companhia investiu na expansão da rede física — contando agora com perto de 1.500 lojas — e acelerou sua atuação no comércio eletrônico, tendo feito ainda diversas aquisições. No mês passado, dois anos após a aquisição do HubFintech, a varejista lançou a Fintech Magalu, oferecendo cartão de crédito corporativo, de olho na carteira de vendedores de seu marketplace, e crédito para pessoa física.
As iniciativas para desenvolver talentos e promover diversidade na empresa também são associadas à empresária. O Mazagine Luiza ganhou canais para receber denúncias sobre casos de violência contra a mulher. E abriu seleção de trainees exclusivamente para candidatos negros.