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Por Letycia Cardoso e Ivan Martínez-Vargas — Rio e São Paulo

O executivo Sérgio Rial, que renunciou do cargo de presidente da Americanas nesta quarta-feira após nove dias no comando da varejista, afirmou a investidores nesta quinta que decidiu revelar a inconsistência de ao menos R$ 20 bilhões no balanço contábil da empresa por prezar pela transparência. O problema levará a companhia a precisar de capital, uma vez que seu patrimônio líquido de pelo menos os últimos dois anos precisará ser recalculado, disse Rial.

Rial ressaltou que as informações foram constatadas preliminarmente por ele e pelo então diretor de relações com investidores, André Covre, e ainda não passaram por uma auditoria externa. O executivo afirmou que há problemas em balanços de "um número de anos" que ainda não é sabido e pode ser superior a uma década. A Americanas constituiu um comitê interno independente para apurar os fatos.

Grosso modo, o problema ocorre porque a Americanas faz triangulações com bancos para que as instituições financeiras paguem os fornecedores da varejista. Essas operações são comuns no setor, mas no caso específico da Americanas, não foram lançadas como dívida bancária como, segundo Rial, deveriam ter sido.

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Como consequência disso, os resultados da Americanas em diversos anos também precisarão ser revistos e a empresa precisará de uma injeção de capital para sobreviver. Ainda não se sabe qual será o montante que a companhia precisará levantar, mas Rial já sinalizou que haverá participação da 3G Capital de Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, ex-controladores e atuais acionistas de referência da Americanas.

— Tive uma escolha de Sofia: Eu falo ou não? Espero a auditoria ou não? Achei que era melhor errar agora do que tentar aguardar. Sempre com disclaimer que isso é o que fomos capazes de ver ao longo de nove dias, já que não houve validação de auditoria externa — disse ele.

— O que veremos é ajustes de balanços (...) relativo a um número de anos. Isso levará a um redesenho de um número de anos que neste momento eu não estou na posição de precisar se são seis, oito, nove, dez. Mas não são três ou quatro anos — afirmou o executivo, que passará a ser assessor na reestruturação da Americanas.

Rial criticou a antiga gestão, chefiada por Miguel Gutierrez, mas não mencionou nomes. Ao explicar como conseguiu verificar o problema em um prazo curto de tempo no cargo ele disse que havia "sinais que talvez o nível de transparência e a vontade da própria gestão (da Americanas) em querer falar de problemas e desafios não estivesse tão fluída na organização como deveria".

Em outro momento, Rial disse que não é possível determinar ainda que houve fraudes e que os R$ 20 bilhões de inconsistências não deixaram de ser lançados, mas foram incluídos de maneira equivocada nas demonstrações financeiras. Ele atribiui isso a um "desejo, não de cometer algo fundamentalmente errado (...), mas de encontrar fontes de liquidez para sustentar o crescimento recorde de vendas digitais" da Americanas nos últimos anos.

A identificação do rombo derreteu os papéis da empresa — uma das maiores varejistas da América Latina —, que caíram 77,33% na Bolsa. As ações da companhia operavam em regime de leilão na Bolsa na manhã desta quarta-feira, com previsão de abertura para negociações às 12h, e sinalizando uma queda de 75%.

O anúncio feito pela empresa no início da noite de quarta-feira, após o fechamento da Bolsa, caiu como uma bomba entre os investidores, que alimentavam alta expectativa sobre a capacidade de Rial, ex-CEO do Santander Brasil (cujo Conselho de Administração ainda preside), de promover uma forte reestruturação na Americanas, um ano e meio depois da fusão da rede de lojas com seu braço de comércio eletrônico, a B2W.

Em comunicado ao mercado, a empresa disse ter identificados as inconsistências “em lançamentos contábeis redutores da conta fornecedores realizados em exercícios anteriores”, inclusive o do ano de 2022.

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