Economia
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Por Bloomberg

O ex-chefe da Nissan Carlos Ghosn, de 69 anos, processa a montadora japonesa por demiti-lo em 2018 e por providenciarem sua prisão por suposta má conduta financeira. Ele pede mais de US$ 1 bilhão por “danos profundos” em suas finanças e reputação.

O ex-executivo, responsável pela aliança firmada entre a montadora Nissan, a francesa Renault e a japonesa Mitsubishi Motors, apresentou suas queixas ao promotor público no Tribunal de Cassação do Líbano, onde vive desde sua saída dramática do Japão no final de 2019 para fugir do julgamento.

A prisão de Ghosn chocou a indústria automobilística e desencadeou uma turbulência dentro da Nissan que segue até hoje. O ex-executivo criticou a empresa e autoridades legais do Japão por retirá-lo da maior aliança de montadoras do mundo.

Ele ainda enfrenta acusações criminais no Japão pelo que os promotores descrevem como uma conspiração para subestimar sua compensação, bem como uma ação civil movida pela Nissan, que busca indenização monetária, em um tribunal em Yokohama.

“As acusações sérias e delicadas [contra mim] permanecerão na mente das pessoas por anos”, afirmou Ghosn no processo, dizendo que “sofrerá com elas pelo resto de sua vida, porque têm impactos persistentes e duradouros, mesmo que baseados em mera suspeita”.

O que Ghosn está pedindo

O processo reivindica US$ 588 milhões em compensações e custos perdidos e também US$ 500 milhões em medidas punitivas. Os acionistas da Nissan também sofreram perdas depois que a empresa desperdiçou sua vantagem de pioneirismo em relação aos veículos elétricos. O ex-executivo não faz mais parte do corpo de acionistas da empresa japonesa.

Além da Nissan, o processo também faz reivindicações contra outras pessoas com ligação a demissão de Ghosn, incluindo:

  • Hari Nada, um funcionário da Nissan visto como um dos principais instigadores da conspiração para derrubar Ghosn;
  • Hidetoshi Imazu e Hitoshi Kawaguchi, dois gerentes seniores da Nissan com envolvimento inicial nas ações da Nissan contra o ex-executivo da montadora;
  • Toshiaki Onuma, gerente do escritório do CEO, que junto com Nada, concordou em cooperar com os promotores japoneses para evitar processos;
  • Masakazu Toyoda e Motoo Nagai, dois membros do conselho da Nissan.

Um representante da Nissan informou que a empresa ainda não recebeu o processo ou está ciente dele e, portanto, não pode comentar ou disponibilizar ninguém para comentar as reivindicações de Ghosn.

A ação inclui outras pessoas físicas e jurídicas, que ainda não foram citadas, segundo o representante legal de Ghosn. O promotor público do Líbano marcou uma audiência para setembro. As autoridades do país podem solicitar a cooperação de seus colegas japoneses para investigar as afirmações de Ghosn.

Prisão desnecessária, diz ONU

Não está claro, no entanto, se o sistema judicial do Japão, que Ghosn disse ser “manipulado” e “violar os princípios mais básicos da humanidade”, estaria disposto a cooperar com as autoridades do Líbano, que não extradita seus cidadãos.

Em 2020, um painel da Organização das Nações Unidas (ONU) concluiu que a detenção de Ghosn em uma prisão japonesa por mais de cem dias não era necessária e violava seus direitos. A decisão de prender Ghosn quatro vezes seguidas para estender sua detenção foi “fundamentalmente injusta”, de acordo com o Grupo de Trabalho sobre Detenção Arbitrária do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.

A reivindicação de 18 páginas inclui o plano de Ghosn de colocar Nissan, Renault e Mitsubishi Motors sob uma grande aliança com a Fiat Chrysler. O ex-CEO diz que isso teria alimentado preocupações dentro da montadora japonesa, no início de 2018, de que ele estava tentando tornar a parceria irreversível. Nada e outros lançaram as bases para prender Ghosn a fim de retirá-lo da Nissan e da aliança.

Ghosn também descreveu suas intenções de aceitar um corte voluntário de salário em 2011, depois que novas regras de divulgação no Japão desencadearam esforços para encontrar meios legais de retê-lo e pagá-lo durante a aposentadoria. Esses planos acabaram se tornando a base para a prisão de Ghosn e Greg Kelly, um ex-diretor da Nissan que estava envolvido nas discussões salariais. Um veredicto do julgamento no ano passado exonerou Kelly da maioria das acusações e impôs uma multa à Nissan.

Ofertas de concorrentes

O ex-executivo descreveu como recebeu ofertas de emprego de Volkswagen, Ford Motor e um salário mais lucrativo para ingressar na General Motors, mas decidiu permanecer na aliança após a crise financeira global ocorrida entre 2008 e 2009.

Ghosn disse também que os esforços dentro da Nissan para encontrar maneiras de compensá-lo e mantê-lo foram criminalizados porque esse foi o único “meio encontrado pelos conspiradores para se livrar dele como presidente do conselho de administração”.

Nada e outros então travaram uma “campanha de difamação para manchar sua imagem”, afirma Ghosn no processo. A alegação também detalha o envolvimento dos governos japonês e francês, o expurgo de certas pessoas da Nissan após a prisão de Ghosn, problemas com a investigação interna da empresa sobre o assunto e danos causados aos acionistas como resultado das ações.

De certa forma, o processo é a cristalização dos esforços de Ghosn para limpar seu nome após sua chegada ao Líbano, onde no início de 2020 realizou uma coletiva de imprensa denunciando sua prisão. O ex-executivo do setor automobilístico passou parte da infância no interior e mora em uma casa comprada e restaurada pela Nissan, que planejava comprar da empresa quando se aposentasse.

— Eles não podem tramar uma mentira, trapacear e se safar — disse Ghosn por telefone de Beirute. — Esta é apenas uma pequena resposta ao dano que eles criaram. Não acho que eles possam consertar o que está errado, porque o dano é muito profundo – isso visa reparar parte do dano que foi feito.

Ghosn foi enviado pela Renault em 1999 para recuperar a montadora japonesa, que vinha passando por dificuldades antes de receber uma injeção de dinheiro da empresa francesa. Mais tarde, ele se tornou diretor executivo das suas montadoras e presidente da aliança.

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