Isabel Fillardis costuma dizer que é uma “mulher renascida”. Para chegar até aqui, precisou enfrentar algumas adversidades, como um câncer na língua que poderia tê-la deixado muda e uma doença autoimune que comprometeu a pele do rosto. É natural, portanto, que a atriz, de 50 anos, encare novos desafios de peito aberto. O mais recente deles é subir aos palcos para fazer, pela primeira vez, uma peça cômica. Em “Abismo de Rosas: uma comédia policial”, em cartaz até 17 de dezembro no Teatro das Artes, no Shopping da Gávea, ela interpreta quatro personagens diferentes, ao lado de Vitória Strada e Emiliano d’Avila, este também diretor da montagem, ao lado de Junior Vieira.
“Dos 40 para cá, vivi algumas revoluções”, diz Isabel, que esteve no elenco da novela “Amor perfeito”, encerrada em março na TV Globo, e roda o Brasil com um espetáculo musical. “Uma coisa que aprendi e replico para outras mulheres é perceber que, às vezes, seguimos no ‘modo automático’, nos negligenciamos e acabamos adoecendo. Por isso, hoje faço questão de vivenciar o meu ofício exercendo todas as faces que ele me proporciona.”
Para além do desafio da comédia em si, Isabel precisou se aprofundar em histórias complexas, pensadas para provocar risos e reflexões. Uma das personagens, por exemplo, vive um relacionamento tóxico e outra se descobre apaixonada por alguém do mesmo sexo, aos 50 anos. “Conversei com muitas amigas para entender a melhor maneira de fazer esse papel. Não queria que soasse grosseiro”, diz a atriz, que namora o ator Well Aguiar, há dois anos. “Desde que me entendo por gente, sou heterossexual. Mas, como acontece na peça, a vida pode nos surpreender. Por isso, nunca diga nunca.”
As vivências e a sensibilidade da atriz foram fundamentais para o projeto, segundo o diretor Junior Vieira. “Sem ela e Vitória, não conseguiríamos pôr algo tão potente no trilho”, reconhece. “A Isabel tem um humor apurado e muita inteligência cênica. Essa combinação faz com que as personagens flutuem entre a comédia e o drama.” Como na vida.