Após a cápsula espacial da Nasa com a maior amostra já coletada da superfície de um asteroide chegar nos Estados Unidos no último 24 de setembro, a agência afirmou ter encontrado um problema não previsto. A coleta do material tem progredido mais lentamente do que o planejado porque, segundo a organização, cientistas descobriram que há mais material do que se pensava.
A abundância resultou em um meticuloso processo de desmontagem do “Touch-and-Go” (Tagsam), que contêm a maior parte do material. Quando abriram o recipiente que continha a amostra, em 26 de setembro, os pesquisadores observaram que havia partículas escapando lentamente do local antes de serem armazenadas adequadamente — e que a quantidade dentro do recipiente “era ainda maior que o previsto”.
“O maior ‘problema’ que podemos ter é que há tanto material que estamos levando mais tempo do que esperávamos para coletá-lo”, afirmou Christopher Snead, vice-líder da equipe de curadoria da missão Osiris-Rex, em comunicado. “Há muito material valioso fora do cabeçote do Tagsam. É realmente espetacular ter tudo isso aqui”.
A primeira amostra coletada fora do cabeçote do Tagsam agora está nas mãos de cientistas que estão conduzindo uma análise rápida para obter uma compreensão inicial. Segundo Lindsay Keller, membro do grupo de análise, a equipe possui “todas as técnicas que podem ser aplicadas para sequenciá-lo, quase até a escala atômica”. A análise rápida utilizará vários instrumentos, incluindo um microscópio eletrônico de varredura, medições infravermelhas e difração de raios X.
Nas próximas semanas, a equipe de curadoria deverá transferir o cabeçote para uma câmara de manipulação especializada diferente, onde realizará o complexo processo de desmontagem para finalmente revelar a amostra em massa que ela contém. O primeiro item encontrado pela equipe da Nasa foi o “pó preto e de granulação fina”. A agência não especificou, porém, se eram fragmentos do asteroide ou outro sedimento.
Imagens noturnas ao redor do mundo registradas pela Estação Espacial Internacional (ISS)
Segredo da vida na Terra
Bennu é um asteroide rico em carbono e que foi descoberto em 1999. A rocha é classificada como um “objeto próximo à Terra” porque passa relativamente perto do planeta a cada seis anos. Apesar disso, as chances de um impacto são consideradas remotas (uma probabilidade em 2,7 mil). Considerado pequeno, Bennu mede 500 metros de diâmetro, o que o torna pouco mais largo que o Empire State Building, em Nova York.
Na próxima quarta-feira, uma conferência de imprensa deverá “apresentar a amostra”. A análise da composição do asteroide Bennu permitirá aos cientistas entender melhor como o Sistema Solar se formou, há 4,5 bilhões de anos, e como a Terra se tornou habitável. Os cientistas acreditam que esse corpo celeste seja rico em carbono e contenha moléculas de água presas em minerais.