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Por O Globo — Pequim

Os termômetros chegaram a 52,2°C, na China, no domingo, véspera da reunião que marcou a reabertura do diálogo sobre a crise climática entre os dois maiores poluidores do mundo. Nesta segunda-feira, o enviado especial dos Estados Unidos para o clima, John Kerry, se reuniu com Xie Zhenhua, responsável pelo tema no governo chinês, em Pequim, no primeiro encontro em quase um ano, quando o governo do presidente chinês Xi Jinping interrompeu os contatos com Washington em resposta à visita da então presidente da Câmara dos Deputados americana, Nancy Pelosi, a Taiwan.

A TV estatal da China informou que a reunião durou quatro horas, na manhã de segunda, pelo horário local, sem dar mais detalhes sobre as conversas.

— A mudança climática é um desafio comum para toda a humanidade — declarou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Mao Ning, completando que a China trocará pontos de vista com os Estados Unidos sobre questões relacionadas a mudança climática e trabalhará conjuntamente para fazer frente aos desafios e melhorar o bem-estar das gerações futuras e atuais.

O enviado para o clima chinês disse esperar diálogo “substancial” e que as conversas poderiam contribuir para “melhorar as nossas relações bilaterais”, de acordo com a Bloomberg.

— China e Estados Unidos compartilham ideias similares e têm um passado similar ao abordar a mudança climática” disse Xie à Bloomberg, com ajuda de um tradutor, citando acordos de 2014 e 2021, ssim como a colaboração nas cúpulas da ONU sobre o clima.

De acordo com o New York Times, John Kerry alertou que os dois países — que respondem por cerca de 40% das emissões de poluentes do planeta — não têm mais muito tempo para prevenir um futuro alarmante provocado pelo aquecimento global. Kerry apontou para o desafio chinês de conter a rápida expansão de suas usinas de carvão para produção de energia e disse que o mundo está atento aos dois países que mais poluem e à urgência de redução das emissões de gases associados ao efeito estufa.

— O mundo e a crise climática demandam que nós façamos progressos rápidos e significantes — disse Kerry a Xie e outras autoridades chinesas, de acordo com o relato do New York Times sobre o primeiro dos três dias de conversas em Pequim. — É vital que haja união entre nós para agir — completou o enviado americano, defendendo que se atinja "progresso real", nos próximos quatro meses, antes da nova rodada de negociações no âmbito da ONU.

Essa foi a primeira conversa de vulto em torno do tema e unindo os dois governos, desde agosto do ano passado, quando começou uma espiral de tensão entre os dois países em torno da visita de Pelosi a Taipé e do apoio americano à ilha, que tem um governo independente, mas Pequim considera parte de seu território — e que Xi Jinping já deixou claro que aspira reintegrar completamente à China. A visita de Kerry ocorre logo depois das viagens da secretaria do Tesouro americana, Janet Yellen, e do secretário de Estado, Antony Blinken, que marcaram a retomada dos contatos de alto nível entre Washington e Pequim.

Embora o primeiro dia de encontros tenha terminado com os dois negociadores— que mantém contatos diplomáticos há mais de 20 anos — se referindo um ao outro como “antigos amigos”, os pontos de fricção entre os dois governos, em torno do tema, são igualmente conhecidos há décadas.

Os chineses prometeram atingir seu pico de emissões de gases associados ao efeito estufa até 2030 e a neutralidade de carbono em 2060, mas especialistas dizem que a expansão da matriz energética baseada em carvão ameaça essas metas. Já o governo do presidente americano, Joe Biden, promete que os Estados Unidos vão cortar emissões destes gases poluidores a, pelo menos, 50% dos níveis de 2005, até o fim desta década, um objetivo que os especialistas dizem que está a uma distância desafiadora.

— A visita de Kerry e a retomada das negociações sobre o clima reforçam a importância crucial de coordenar esforços para enfrentar a crise climática — afirma Chunping Xie, principal pesquisador do Grantham Research Institute on Climate Change and the Environment, pontuando ainda que —também demonstra sua determinação compartilhada de navegar por uma complexa relação geopolítica para promover o bem comum.

'Não é uma questão política'

Fontes do departamento de Estado ouvidas pelo New York Times contaram que Kerry reiterou aos chineses que os dois países precisam cooperar para o combate à questão climática, mesmo que enfrentem tensões em outras esferas.

— Essa não é uma questão política — disse Kerry ao representante chinês, ao reforçar que há provas científicas incontestáveis da relação entre eventos extremos do clima e as mudanças climáticas — Essa não é uma questão bilateral ou ideológica. É uma questão da vida real se desenrolando diante de nossos olhos, como consequência de escolhas que fazemos ou não fazemos.

No entanto, lideranças chinesas relacionam explicitamente o progresso na questão climática ao estado das relações mais amplas entre os dois países. “Se os Estados Unidos continuarem a reprimir a China, aumentando tensões e hostilidade entre os dois lados, é improvável que seja favorável a qualquer tipo de cooperação, inclusive em torno da mudança climática”, disse o editorial do jornal Global Times, controlado pelo Partido Comunista chinês.

Segundo as fontes ouvidas pelo New York Times, Xie abriu o encontro dizendo que espera que os dois países entrem em um período de “relações estáveis” e que devem buscar “um denominador comum enquanto arquivam as diferenças”. O representante chinês também pediu que as conversas sejam “francas e profundas”. Kerry declarou que pretende deixar Pequim com um acordo amplo em torno de questões como o usos de carvão na China e cortes nas emissões de metano. Já os chineses se concentraram em tratar dos planos para atingir as metas de compromissos firmados anteriormente.

Temperatura recorde

As novas conversas sobre a questão climática em Pequim ocorrem em meio a um dos verões mais quentes da história da China. No domingo, a região de Xinjiang, no oeste do país, um vasto território semidesértico na fronteira com países da Ásia Central, registrou temperatura recorde para esse período, de 52,2°C.

A região é normalmente a mais quente da China no verão do Hemisfério Norte. A marca mais alta até domingo na área quase desértica era de 50,6ºC, na mesma cidade de Turpan, que fica na entrada do deserto de Taklamakan. A temperatura do solo no local alcançou 80 ºC, segundo o serviço de meteorologia chinês.

No sul da China, milhares de pessoas tiveram que deixar as casas, assim como em regiões do Vietnã, por causa de outro evento extremo do clima. Um ciclone ameaça trazer fortes ventos e chuvas torrenciais quando tocar a costa nas províncias de Guangdong e Hainan, na noite de segunda-feira. (Com AFP, Bloomberg e New York Times)

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