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Por O Globo, com agências internacionais

O presidente dos EUA, Joe Biden, ordenou a suspensão do envio de bombas a Israel, diante do temor de uma ação contra a cidade palestina de Rafah, no extremo sul da Faixa de Gaza, que se tornou alvo de uma operação militar nessa terça-feira. A decisão de Biden, revelaram fontes do governo ouvidas por jornais americanos, foi tomada na semana passada, após o Estado judeu não responder às "preocupações" de Washington sobre Rafah.

— Na semana passada detivemos um carregamento de armas. Eram 1.800 bombas de 907kg e 1.700 bombas de 226kg — disse a fonte ligada à administração Biden, sob condição de anonimato. — Ainda não tomamos uma decisão final sobre proceder com esse envio.

A maior preocupação de Washington, no momento, é com o envio para uso das bombas mais pesadas. Um funcionário citado pela AFP afirma que os EUA calculam "o impacto que elas poderiam ter em áreas urbanas densas".

Ainda, de acordo com uma fonte ouvida pelo New York Times, a administração Biden também revisa se deve bloquear futuras transferências, incluindo kits com os sistemas de bombas de precisão JDAM, que convertem as chamadas bombas burras em munições guiadas de precisão. Contudo, a medida não corresponde a um bloqueio total de armas a Israel. Autoridades disseram que o governo acaba de aprovar a mais recente parcela de ajuda de armas e equipamentos e pretende enviar "cada dólar" do dinheiro recém-aprovado pelo Congresso.

A decisão de Biden também corresponde à primeira vez que o governo utilizou seu poder para restringir o envio de armas como instrumento para influenciar a abordagem de Israel em Gaza. O presidente se divide entre pedidos de aliados democratas no Congresso, que clamavam por um limite ou interrupção dos envios de armas para Israel, e a demonstração de apoio ao aliado histórico, de quem os EUA defende o direito de se defender, na eliminação do Hamas. Em um discurso durante uma cerimônia de memória do Holocausto, na terça, Biden não mencionou sua decisão de reter as bombas e reiterou seu apoio a Israel.

— Meu compromisso com a segurança do povo judeu, a segurança de Israel e seu direito de existir como um Estado judeu independente é inabalável, mesmo quando discordamos — disse ele.

O alto funcionário americano que conversou com a imprensa apontou que autoridades de Israel e EUA chegaram a considerar outras alternativas, mas que a decisão israelense de avançar contra a cidade do sul palestino pesou decisivamente.

— Essas discussões estão em andamento e não atenderam plenamente às nossas preocupações — disse. — À medida que os líderes israelenses pareciam aproximar-se de um ponto de decisão sobre essa operação, começamos a rever cuidadosamente as transferências de certas armas para Israel, que poderiam ser usadas em Rafah. Isso começou em abril.

No começo do mês passado, quando a revisão apontada pela fonte já estaria em curso, o Congresso americano aprovou um pacote de ajuda militar a aliados estrangeiros no valor de US$ 95 bilhões (R$ 490 bilhões), incluindo US$ 15 bilhões (R$ 77 bilhões) para Israel. Washington anunciou que os itens incluídos deveriam priorizar capacidades defensivas, como o reabastecimento de sistemas de defesa antiaérea, como o Domo de Ferro. O auxílio estava associado a repasses de ajuda humanitária a Gaza. Não está claro se o repasse suspenso inclui itens do pacote mais recente.

Exército de Israel ordena retirada de ao menos 100 mil de área em Rafah, no extremo sul de Gaza — Foto: Arte/ O GLOBO
Exército de Israel ordena retirada de ao menos 100 mil de área em Rafah, no extremo sul de Gaza — Foto: Arte/ O GLOBO

Inicialmente, Biden disse que não apoiaria uma operação de Israel contra Rafah que não incluísse um plano para minimizar efetivamente as baixas civis. Contudo, nas últimas semanas, a própria Casa Branca questionou se tal plano fosse sequer possível, considerando que quase 1,5 milhão de pessoas se deslocaram para a região.

Israel afirmou que a ofensiva contra Rafah, na terça-feira, se tratava apenas uma operação limitada, e indicou que estaria seguindo em direção ao pedido inicial americano. Forças israelenses ordenaram a evacuação de ao menos 100 mil civis de Rafah, em zonas específicas da cidade, e indicaram uma zona segura para deslocamento.

ONGs e órgãos internacionais que atuam na cidade, contudo, disseram que os avisos eram ineficazes e prejudicariam os cidadãos palestinos. Dois hospitais importantes ficam na região. (Com AFP e NYT)

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