Tijuca e Zona Norte
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Por — Rio de Janeiro

O acesso aos direitos sexuais e reprodutivos, além da autonomia sobre os próprios corpos, é um direito conquistado pelas mulheres. No entanto, um levantamento realizado pelo Maréas, projeto da Casa das Mulheres da Maré apoiado pelo Instituto Phi, revelou que somente 0,43% das participantes já conhecia o Dispositivo Intrauterino de Cobre (DIU). A pesquisa foi realizada com 235 mulheres — em sua maioria negras, jovens e de baixa renda — que participaram das ações em 2023 e aponta ainda que cerca de 41% já tentaram ter acesso a algum método contraceptivo pelo SUS, porém, deste número, 33% nunca conseguiram acessar o método desejado e 36% afirmaram ter conseguido somente em algumas ocasiões.

— Esse índice mostra que as políticas públicas são precárias quando falamos em contextos de favelas e que muitas vezes a saúde da mulher não é uma prioridade, ainda mais se falando da mulher negra e favelada. Claramente, a vida reprodutiva das mulheres é atravessada por questões de raça, classe e território, e isso mostra que não podemos falar em direitos sexuais e reprodutivos sem falar sobre justiça social — explica Joana Carneiro, coordenadora de comunicação do Instituto Phi.

Com o objetivo de promover acesso à informação segura, uma das primeiras ações do Maréas foi a realização de palestras sobre o tema para moradoras da região. A partir daí, o projeto passou a oferecer consultas ginecológicas com foco na inserção do DIU, em atendimentos realizados por médicos que atuam nas unidades básicas de saúde do local. Dessa maneira, começou a atender a uma demanda reprimida das meninas e mulheres da Maré: a contracepção de longa duração. Desde então, já foram realizadas dez ações, e mais de 1.200 mulheres receberam auxílio.

— O projeto começou com um piloto, iniciado com a inscrição das mulheres. Depois disso, elas obrigatoriamente assistiram a uma palestra. Temos essa fase porque nós sabemos que elas precisam entender o funcionamento do que querem usar. O que nos surpreendeu muito é que em menos de uma semana já tínhamos quase 800 mulheres inscritas. É sempre bom lembrar que se fala muito em controle de natalidade de uma forma estigmatizante. É importante a gente marcar que não é disso que se trata, que quando a gente está falando de produzir acesso a métodos contraceptivos é para que as mulheres possam ter acesso aos seus direitos. Gravidez indesejada é um impacto absurdo, de médio a longo prazo, que muda o curso da vida das mulheres, e elas deveriam poder decidir os caminhos que querem tomar — destaca Julia Leal, coordenadora da Casa das Mulheres da Maré.

Além das palestras sobre saúde sexual e reprodutiva e consultas ginecológicas com inserção do DIU ou implante, também são realizados pelo projeto plantões psicossociais semanais, oficinas sobre gênero e sexualidade para jovens em escolas e distribuição de absorventes em colégios e unidades de saúde da família e para mulheres em situação de rua.

Andrezza Paulo, de 28 anos: empoderamento após conhecer seus direitos durante as reuniões na Casa das Mulheres da Maré — Foto: Domingos Peixoto/Agência O Globo
Andrezza Paulo, de 28 anos: empoderamento após conhecer seus direitos durante as reuniões na Casa das Mulheres da Maré — Foto: Domingos Peixoto/Agência O Globo

Mãe de duas crianças, Andrezza Paulo, de 28 anos, optou no ano passado por inserir o DIU. Para ela, participar do projeto foi um divisor de águas.

— Desde que eu passei a fazer parte do Maréas, comecei a entender os direitos que me são negados enquanto mulher de favela. O projeto conscientiza e vai contra essa herança histórica que violenta tantas mulheres negras. Isso dá uma liberdade, uma emancipação e uma força que você não sabia que tinha; o controle da sua própria vida. Esse espaço é fundamental porque não é uma pessoa de longe, da Zona Sul, dialogando conosco. Isso tudo é feito na Maré, por mulheres que sabem o que você está passando, conhecem a sua realidade e têm um olhar de empatia com você— diz Andrezza.

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