Finanças
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Por Vitor da Costa e Beatriz Coutinho — Rio

O dólar fechou no menor patamar em mais de um ano ante o real nesta segunda-feira, seguindo sua recente trajetória de queda. A proximidade do fim do ciclo de altas de juros nos Estados Unidos e a melhora nas perspectivas recentes sobre o cenário local têm ajudado no desempenho positivo da moeda local.

O dólar caiu 0,90%, negociado a R$ 4,7751, após atingir a mínima de R$ 4,76. É a menor cotação de fechamento desde o pregão de 31 de maio de 2022, quando a divisa encerrou a R$ 4,7516.

Em junho, o dólar cai 5,87% ante o real. No ano, a queda acumulada está em 9,53%.

O pregão desta segunda-feira contou com menor liquidez pelo não funcionamento das bolsas americanas devido a um feriado. Ainda assim, o real mostrou um desempenho melhor contra pares no exterior, como o peso mexicano e o rand sul-africano.

Diante do desempenho, para quem vai viajar para o exterior ou quer fazer investimentos lá fora, surge logo a pergunta: É hora de comprar? Ou a tendência é que a queda se acentue? Especialistas avaliam que há espaço para a divisa cair mais. A recomendação é de comprar aos poucos, para se formar a "cotação média".

O que tem ajudado?

A sequência de dados que mostram o processo desinflacionário na cena local, o crescimento resiliente da economia e o encaminhamento de pautas econômicas que têm como objetivo conter a evolução da dívida do país alimentaram a visão mais construtiva do Brasil nos últimos meses. Na semana passada, por exemplo, a agência de risco S&P revisou sua perspectiva de rating para o país de estável para positiva.

— Estamos vendo o reflexo de commodities agrícolas voltando a subir, expectativas de fluxos para bolsa e renda fixa brasileira, e investidores locais gradualmente saindo de apostas negativas com Brasil — destaca o sócio e gestor da Galapagos Capital, Sérgio Zanini.

Zanini ressalta o fato do mercado já observar no horizonte próximo o início do ciclo de corte de juros por parte do Banco Central (BC). O boletim Focus, relatório semanal divulgado pelo BC, nesta segunda-feira mostrou que os analistas projetam cortes para a Selic a partir de agosto e enxergam uma inflação menor.

Na cena externa, o Federal Reserve manteve os juros inalterados na semana passada. Mesmo que o BC americano volte a subir as taxas em julho, o que é esperado, o fim do ciclo de altas nos juros está próximo por lá.

— Isso ajuda a economia brasileira a começar a acelerar novamente antes do esperado e sustentando os preços dos ativos locais. E ainda assim mantemos um diferencial de juro bem relevante com os Estados Unidos.

Perspectivas mais otimistas

O CEO da Box Asset Management, Fabrício Gonçalvez, destaca que há uma melhora na percepção dos investidores sobre a economia brasileira. Depois da divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre acima do esperado, diversas casas revisaram para cima suas projeções de crescimento, além de anteciparem o início do ciclo de cortes de juros pelo BC.

— Instituições relevantes do mercado financeiro estão cedendo a boa performance da economia brasileira e estão revendo suas recomendações de compra para o Brasil. Com essas recomendações, estrangeiros estão vindo para o país e fortalecendo a moeda local — destaca Gonçalves.

As revisões também chegam no câmbio. Os estrategistas do Goldman Sachs alteraram suas estimativas para o câmbio doméstico e passaram a projetar o dólar em R$ 4,40 no fim do ano.

A revisão é ancorada nos dados de inflação mais fracos e na leitura mais otimista acerca da economia brasileira, que resultou, na semana passada, na alteração da perspectiva do rating do Brasil pela S&P.

O banco americano cortou a estimativa para o dólar de R$ 4,90 para R$ 4,60 no prazo de três meses; de R$ 4,85 para R$ 4,40 no espaço de seis meses (no fim deste ano); e de R$ 4,80 para R$ 4,40 no intervalo de 12 meses.

Ainda que o diferencial de juros tenha beneficiado moedas emergentes, como o real, os estrategistas do Goldman Sachs destacam que questões locais têm contribuído para a boa performance da moeda brasileira.

“No quesito inflação, a leitura do IPCA de maio surpreendeu pelo lado de enfraquecimento e apontou para um progresso visível nos componentes do núcleo e de serviços”, destaca os estrategistas do banco, em relatório.

Na avaliação do Goldman, mesmo que o BC passe a cortar a Selic em um horizonte próximo, dado o elevado ponto de partida das taxas de juros reais e o contínuo progresso na inflação, os diferenciais de juros continuem favoráveis ao câmbio, com os fluxos de entrada para a renda fixa permanecendo um importante vento favorável para o real.

Há espaço para novas quedas?

Na visão de especialistas, o real ainda pode ceder mais. Para isso, fatores como a aprovação do arcabouço fiscal sem grandes alterações pelo Congresso e sinalizações positivas para a economia, como a não reversão de marcos legais estabelecidos nos últimos anos, devem ocorrer.

— A votação do arcabouço no Senado deve ainda trazer mais conforto fiscal para o investidor estrangeiro. Temos ainda o juros mais alto do mundo, com o cenário fiscal melhorando e juros lá fora parando de subir — destaca o diretor da FB Capital, Fernando Bergallo.

Na mesma linha, segue o sócio da Galapagos:

— Estamos numa dinâmica positiva de diferencial de juro favorável, commodities em preciso bons e aprovando medidas. Acho que tem espaço para ver o câmbio apreciar mais — disse Zanin.

Cotação turismo

Já nas casas de câmbio, era possível encontrar o dólar turismo entre R$ 4,95 e R$ 5,05, por volta das 16h.

Na casa de câmbio WU Câmbio, localizada no Centro do Rio, o dólar turismo era vendido a R$ 5,05, enquanto o euro saía por R$ 5,50.

Na Dantur, o dólar estava a R$ 5,03, e o euro, a R$ 5,63, enquanto na JW Câmbio as moedas eram vendidas a R$ 5 e 5,65, respectivamente.

Já na 4 Cantos Câmbio e Turismo, em Copacabana, na Zona Sul do Rio, o dólar turismo saía por R$ 4,98, e o euro, por R$ 5,49.

Na Bâmbio Cambio & Turismo, as cotações eram de R$ 4,95 e R$ 5,48, respectivamente.

Todas as cotações já incluem o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

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