Economia
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Por Raphaela Ribas — Rio

O IPCA-15, considerado uma prévia da inflação, avançou 0,52% em dezembro e fechou o ano de 2022 em 5,9%, quase metade do indicador de 2021 (10,42%). Os dados foram divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE. No ano, o indicador foi pressionado, principalmente, por alimentos, com, avanço de 11,96%.

Dos 20 itens que mais subiram de preço em 2022, 19 são alimentos. A maior variação acumulada no ano foi a da cebola, de 166,37%. Em seguida, vem pepino, maça, limão e banana d´água. Por outro lado, a gasolina e o etanol, que foram os grandes vilões em 2021, registraram as maiores quedas de 2022.

A gasolina no acumulado do IPCA-15 do ano passado foi de 49,59% e neste, de -25,46%. Já o etanol passou de 63,28% para -26,38% na mesma comparação.

Tatiana Nogueira, economista da XP, explica que esta grande diferença de um ano para outro ocorre por dois motivos. Um é que a base de comparação estava muito alta, em especial a gasolina que no ano passado sofreu expressivo impacto com a escalada de preços do petróleo.

O outro é o corte de impostos federais em junho, momento em que a gasolina beirava aos R$ 10, o litro, e o atual presidente visava a reeleição.

— O que jogou esta inflação para baixo foram os cortes nos impostos. Os combustíveis foram os vilões no passado, especialmente, no caso da gasolina. Além da alta do preço do petróleo, a Petrobras elevou o preço aqui devido à paridade do preço internacional. Então, em 2022 (os combustíveis) já saem com esses preços mais altos e ainda têm as deflações — argumenta Tatiana.

Juros continuam altos em 2023

Pela prévia, o IPCA-15 fechará o ano acima da meta e reforça a avaliação de analistas de que os juros deverão se manter em patamar elevado em 2023. A estimativa antes era de que começasse a arrefecer a partir do segundo semestre. Mas, depois dos anúncios de aumento de gastos do próximo governo, o mercado acredita que os juros não darão alívio.

Na avaliação de Tatiana, da XP, embora os juros e a inflação continuem elevados, a economia estará aquecida no início de 2023 em especial devido à injeção que o valor de R$ 600 do Bolsa Família (Auxílio Brasil que voltará ao nome de origem) vai gerar.

A médio prazo, no entanto, ela alerta que a conta do benefício mais alto vai chegar e tende a afetar a inflação para cima.

— Isso vai demandar que o próximo governo crie regras fiscais mais rígidas ou que Banco Central, que é independente, reaja e deixe os juros nesse patamar por mais tempo, visto que eles já estão bem elevados — ressalta a economista.

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Além disso, o combustível ainda é ponto de preocupação, segunda ela, pois, apesar de o preço seguir estável lá fora e a Petrobras ter cortado o preço nas refinarias, a tributação federal deve voltar. A redução tem validade até o dia 31 de dezembro.

O ex-ministro da Fazenda e do Planejamento Nelson Barbosa, membro do grupo de economia da equipe de transição, defendeu nesta semana a volta da cobrança de PIS/Cofins sobre combustíveis.

— Prevemos a volta da tributação, pelo menos parcial. Na nossa visão é uma renúncia muito grande que o governo deixa de arrecadar, de cerca de R$ 50 bilhões — analisa Tatiana, da XP.

Para Felipe Sichel, sócio e economista-chefe do banco Modal, o corte de juros altos que havia sido cogitado no ano que vem foi praticamente extinto, após o governo eleito anunciar aumento do teto de gastos, como elevar o salário mínimo para R$ 1.320 a partir de janeiro e o Bolsa Família maior.

— Por mais que vejamos sinais de arrefecimento, o fator do aumento dos gastos públicos acaba se sobrepondo ao processo do ciclo desinflacionário — diz Sichel.

No mês, IPCA-15 teve alta de 0,52%

O índice desacelerou em relação a novembro, quando estava em 6,85% em 12 meses. Mas está levemente acima das projeções de mercado. Segundo o último boletim Focus, divulgado pelo Banco Central e que reúne estimativas de analistas, a previsão é que a inflação oficial feche 2022 em 5,76%. O IPCA cheio do ano será divulgado em janeiro pelo IBGE.

No mês, o IPCA-15 teve alta de 0,52%, pouco abaixo do registrado no mês anterior (+0,53%).

Entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete tiveram alta em dezembro. Transportes (0,85%) e Alimentação e bebidas (0,69%) foram responsáveis pelo maior impacto no mês.

O grupo dos Transportes, que inclui combustíveis, acelerou de novembro (0,49%) para dezembro (0,85%), principalmente devido à alta nos preços das passagens aéreas (0,47%), que haviam recuado quase 10% no mês anterior.

Os preços dos combustíveis (1,79%) seguiram em alta, embora o resultado tenha ficado abaixo do observado em novembro (2,04%).

Dos 20 itens que mais subiram de preço em 2022, 19 são alimentos

Tatiana, da XP, explica que em 2022, além dos problemas com combustíveis que incidiram sobre toda a cadeia, pois as empresas precisam de energia para produção, armazenamento e distribuição de seus produtos, alguns setores de alimentação ainda tiveram contratempos com suas safras. Outros, como o trigo e milho, também acabaram sendo afetados pela guerra da Rússia contra a Ucrânia, uma vez que eles são importantes exportadores destes itens.

— O ano começou com a inflação bastante pressionada vinda de 2021. Achamos que em 2022 haveria desinflação, mas em março a guerra na Ucrânia levou todos a revisarem a inflação de 5% para quase 9%. O início da virada foi com a mudança na tributação dos combustíveis, que tirou o imposto federal. Houve queda nos preços e isso ajudou a jogar o IPCA para baixo — contextualiza a economista.

Para o próximo ano, a expectativa da XP é que as condições climáticas melhorem, o que trará impacto positivo para produtores e, consequentemente, ao consumidor.

— Os fertilizantes já caíram 50% nos últimos dois meses e tudo aponta para crescimento em dois meses. Os alimentos devem dar um alívio ou desaceleração e até recuo, como a carne que deve cair 5%, depois de quatro anos de alta. Para leite também espera-se queda. Já farinhas e óleos vegetais devem continuar pressionados — destaca Tatiana.

IPCA-15: As 20 maiores altas acumuladas em 2022

  • Cebola: 166,37%
  • Pepino: 70,62%
  • Maçã: 49,77%
  • Limão: 49,12%
  • Banana d'água: 43,87%
  • Alimento infantil: 41,07%
  • Banana maçã: 40,32%
  • Farinha de mandioca: 39,30%
  • Leite condensado: 39,25%
  • Banana prata: 39,17%
  • Mamão: 37,30%
  • Milho (em grão): 34,65%
  • Maionese: 33,78%
  • Tangerina: 33,48%
  • Farinha de trigo: 33,31%
  • Seguro voluntário de veículo: 32,04%
  • Melão: 31,36%
  • Laranja baía: 29,96%
  • Farinha de arroz: 29,58%
  • Batata-inglesa: 29,12%

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