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Por AFP — Paris

A incursão do Exército israelense no Hospital al-Shifa, na Faixa de Gaza, por suspeita de que o Hamas o utiliza como base estratégica e militar, provocou uma onda de condenações — a operação chegou a ser considerada como um "crime de guerra" pelo Catar. Mas o que diz o direito internacional sobre isso?

Hospital, um local protegido

A professora de direito Mathilde Philip-Gay, da Universidade Lyon-3, afirma à AFP que "as Convenções de Genebra protegem de maneira muito específica os hospitais civis" e que é "proibido usá-los como zona de conflito".

— Ao mesmo tempo, usar populações civis, doentes ou feridos como escudos humanos é um crime de guerra, assim como combater a partir de um hospital.

As Convenções de Genebra, que definem o direito internacional humanitário, foram adotadas em 1949, após a Segunda Guerra Mundial. Já o Estatuto de Roma, adotado em 1998 e constitutivo da Corte Penal Internacional, por sua vez, define no artigo 8 a noção de crime de guerra. Na extensa lista está a de "dirigir intencionalmente ataques contra edifícios dedicados à religião, educação, artes, ciências ou beneficência, monumentos históricos, hospitais e locais onde são agrupados doentes e feridos".

No entanto, o mesmo artigo especifica: "Desde que (esses edifícios) não sejam alvos militares". Philip-Gay explica que o hospital pode perder sua proteção se "um ato prejudicial — termo usado no direito — for realizado a partir de um hospital civil".

O direito humanitário internacional exige que os beligerantes tomem "todas as precauções para evitar atacar intencionalmente civis".

— Se um ato prejudicial foi realizado a partir de um hospital, não se pode bombardeá-lo durante dois dias e destruí-lo completamente — exemplifica Philip-Gay. — A reação deve ser proporcional. A complexidade do direito internacional humanitário é que ele se aplica caso a caso.

Outra exigência do direito internacional é que haja aviso prévio antes da ação e que haja "meios para retirar o pessoal e os doentes ou que se lhes peça que se isolem em uma parte do hospital".

E para o caso de al-Shifa?

Israel acusa o Hamas de ter estabelecido uma base estratégica e militar no Hospital al-Shifa, algo que o grupo terrorista nega. O Exército israelense afirma ainda ter encontrado armas, granadas, munições e coletes à prova de balas com a insígnia do braço armado do Hamas durante a incursão no complexo. O Ministério da Saúde de Gaza, por sua vez, rejeita as acusações, afirmando que "não autoriza" a presença de armas em seus estabelecimentos.

Centenas de civis palestinos permanecem no local junto com o pessoal de saúde. A AFP não pôde verificar essas alegações de forma independente.

O Hamas ainda acusa os soldados israelenses de terem destruído uma parte da entrada sul, cuja localização é próxima da maternidade, um setor que já havia sido atingido por projéteis nos últimos dias.

Médicos saem de hospital em Jenin com as mãos para cima durante ação israelense

Médicos saem de hospital em Jenin com as mãos para cima durante ação israelense

Quais ações judiciais acarretam crimes de guerra?

A Corte Penal Internacional (CPI) só intervém se a justiça nacional não puder ou não quiser fazê-lo. Os crimes de guerra estão sob jurisdição universal e, de acordo com uma convenção da ONU de 1968, são imprescritíveis. Israel não é membro da CPI, mas o tribunal declarou em 2021 que sua jurisdição era competente para julgar crimes na Faixa de Gaza e na Cisjordânia ocupada.

Em qualquer caso, os Estados que assinaram o Estatuto de Roma podem recorrer à Corte. Cinco países signatários — Bangladesh, Bolívia, Comores, África do Sul e Djibouti — pediram na sexta-feira uma investigação sobre a "situação no Estado da Palestina", anunciou o promotor do tribunal.

Mais recente Próxima Ofensiva em Gaza põe Israel em encruzilhada interna e externa e impõe barreiras à luta contra o Hamas

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