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Durante uma visita a Ramallah, na Cisjordânia, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, fez um balanço das iniciativas brasileiras em favor do fim das hostilidades em Gaza, e comentou o histórico apoio do Brasil ao reconhecimento da Palestina como Estado — além de prometer liderar esforços para sua admissão como membro pleno da ONU. O chanceler também aproveitou o discurso para criticar Israel e a comunidade internacional “pela clara insuficiência da ajuda humanitária desde o início do atual conflito”.

— A credibilidade do atual sistema internacional de governança está debaixo dos escombros de Gaza — disse Vieira. — É ilegal e imoral privar as pessoas de comida e água. É ilegal e imoral atacar comboios humanitários e pessoas que procuram ajuda. É ilegal e imoral impedir que doentes e feridos tenham acesso a suprimentos médicos essenciais. É ilegal e imoral destruir hospitais, locais religiosos e sagrados, cemitérios e abrigos. O rasto de destruição e morte entre inocentes que hoje assistimos não será esquecido.

Vieira chegou neste domingo à cidade, onde participou da cerimônia de outorga, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do título de Membro Honorário do Conselho de Curadores da Fundação Yasser Arafat. Vieira recebeu a homenagem das mãos do primeiro-ministro Mohammad Shtayyeh, que “louvou a coragem” de Lula “na defesa da Palestina”, publicou o Itamaraty.

— Este título tem um significado especial para o presidente Lula, que sempre expressou o seu respeito e admiração pelo presidente [da Autoridade Nacional Palestina] Yasser Arafat [morto em 2004] e por sua luta pela autodeterminação do povo palestino — disse o ministro.

A guerra em Gaza começou em 7 de outubro, quando o grupo terrorista Hamas invadiu o território israelense, matou quase 1,2 mil pessoas e sequestrou cerca de 250 reféns. Como resposta, Israel iniciou uma ofensiva no enclave palestino que deixou, em cinco meses, mais de 31 mil mortos, segundo o Ministério da Saúde local.

O chanceler voltou a defender o trabalho "valioso" da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, na sigla em inglês), que foi boicotada no mês passado e perdeu vários doadores importantes, após denúncias de Israel de que alguns dos funcionários estariam envolvidos com o Hamas:

— Como membro do Comitê Consultivo da UNRWA, o Brasil continuará a contribuir para o trabalho da agência, que beneficia mais de cinco milhões de refugiados palestinos. Em linha com outros doadores tradicionais, o Brasil também continuará a fazer contribuições regulares à organização.

Encontro com autoridades palestinas

Vieira também foi recebido pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, com quem conversou por cerca de 20 minutos. Os dois falaram sobre o atual momento do conflito e da crise humanitária no enclave. Conforme divulgado pelo Itamaraty, Abbas agradeceu pelo “histórico empenho e amizade do presidente Lula com a Palestina”, e pela “coragem ao assumir o papel de referência global em defesa dos palestinos na atual crise”.

O brasileiro ainda falou com o primeiro-ministro Mohammad Shtayyeh, com quem tratou da “crescente tensão na Cisjordânia” e em outros países da região. Eles “discutiram estratégias conjuntas para alcançar o objetivo de tornar a Palestina um membro pleno das Nações Unidas”. Mais cedo, Vieira conversou com o chanceler palestino, Riyad al-Maliki. Ambos mencionaram a “extrema gravidade da situação humanitária” na Faixa de Gaza, e al-Maliki destacou o “papel corajoso” de Lula na “defesa da Palestina e dos palestinos”.

De acordo com o Itamaraty, al-Malki, afirmou que Lula “mostrou liderança, coragem, compromisso e humanismo ao longo da atual crise em Gaza, e falou de forma ‘forte e clara’, ao descrever ‘a situação como ela é’, tendo sido um dos poucos líderes a agir em defesa dos civis desde a primeira hora”. O órgão disse que o palestino manifestou preocupação com os riscos de uma ação militar em Rafah e relatou o aumento da violência contra palestinos na Cisjordânia.

“Mauro Vieira reiterou a disposição brasileira em liderar o esforço pela admissão da Palestina como membro pleno da ONU”, escreveu o Itamaraty no X (antigo Twitter).

Crise diplomática

A viagem do chanceler faz parte de uma série de visitas que o brasileiro realiza no Oriente Médio. Com início na última sexta-feira e término previsto para esta quarta, a agenda de Vieira inclui passagens pela Palestina, Jordânia, Líbano e Arábia Saudita.

Os encontros, no entanto, ocorrem num momento de crise diplomática entre Brasil e Israel, que teve início no último mês, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comparou a ofensiva israelense na Faixa de Gaza ao genocídio de judeus promovido pela Alemanha nazista. Na sequência, o premier israelense, Benjamin Netanyahu, disse que o petista cruzou uma “linha vermelha”, “desonrou a memória dos judeus” e que “deveria ter vergonha”.

Depois disso, o chanceler israelense, Israel Katz, convidou o embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer, para acompanhá-lo no Museu do Holocausto, onde anunciou diante das câmeras que Lula “é persona non grata em Israel até que se retrate”. No encontro, que teve como objetivo repreender o diplomata e mostrar “o que os nazistas fizeram aos judeus”, segundo Katz, o chanceler falou em hebraico, idioma não compreendido por Meyer. O gesto foi considerado pelo Planalto como humilhante, e Meyer foi chamado de volta ao Brasil.

O representante diplomático de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, também foi chamado pelo governo brasileiro para prestar esclarecimentos, e teve uma reunião a portas fechadas com Vieira.

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