Priscila Menezes, mãe de Thiago Menezes Flausino, de 13 anos, morto na Cidade de Deus no último dia 7, disse no programa "Encontro" (TV Globo), nesta terça-feira, que o adolescente foi morto num dia sem operações na comunidade da Zona Oeste do Rio. Ela confronta a versão da polícia de que lá houve intervenção de agentes do Estado:
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— Estou tentando ficar bem porque tenho que lutar por justiça pelo meu filho. É difícil. A gente nunca imagina que vai acontecer com a gente. Não teve operação, eu afirmo. Foi uma execução. Não abordaram meu filho. Eles não pararam para perguntar quem era, para saber quem era. Simplesmente atiraram no meu filho covardemente. Quando cheguei, meu filho já estava lá no chão — disse ela, no programa apresentado por Patricia Poeta. — Eles atiraram nele. Não abordaram.
A família de Thiago afirma que o estudante foi morto quando andava de moto com um amigo, por volta de 0h40, sendo alvejado na perna e no peito por PMs. Quatro policiais foram temporariamente afastados, enquanto as investigações transcorrem. A versão da polícia é que agentes do Batalhão de Choque faziam uma ronda nas proximidades da comunidade quando foram atacados a tiro por dois homens em uma moto. A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), que investiga as circunstâncias do crime, registrou o homicídio como morte por intervenção de agentes do Estado. Imagens de câmera de segurança instaladas próximo ao local do assassinato estão sendo analisadas e as armas dos policiais envolvidos na ocorrência foram apreendidas para perícia.
— Quando recebi a notícia, estava na casa da minha mãe. Minha irmã que me mostrou o telefone com uma foto dele. Na hora, vi que era ele. Saí desesperada gritando pela rua que queria ver meu filho, as pessoas me segurando... Quando cheguei lá, já era tarde. Ele já estava coberto com uma manta, vários policiais em volta. Ele era uma criança carinhosa, educada, era a alegria da minha casa, das minhas filhas. Tenho mais três filhas. Ele era vaidoso, estudante. Frequentava todos os dias a escola, não faltava. O sonho dele era ser jogador de futebol. Ele treinava... Ele já estava entendendo que o futebol ia trazer coisas boas para ele. Falava que ia me dar uma casa. Uma vez eu estava na cozinha, ele chegou e disse: "Mãe, você gosta de trabalhar? Quero te dar uma empresa". O pai acompanhava nos treinos de futebol, o tio... Era o que ele gostava. O que mais amava fazer era jogar. Era muito responsável — disse Priscila ao "Encontro".
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Ao ouvir as versões da polícia de que havia uma operação, Priscila negou e fez seu desabafo:
— Essa é a versão da defesa deles para entrar nas favelas matando. É assim que eles se defendem: dizendo que favelado é criminoso, quem mora na favela é criminoso, quem está andando de moto sem capacete é criminoso, quem está andando de moto, sem capacete, é criminoso. Por que não pararam para ver quem era? Chamava o pai, chamava nossa atenção. Eles tinham saído para andar de moto. Nas comunidades é assim: jovens andam de moto. Isso é uma coisa normal. Não é normal policial entrando na favela atirando, executando crianças. Até quando isso vai continuar? Thiago não foi o primeiro nem o último. Teve outro depois. Eles só querem atirar para matar. O governador, Claudio Castro, tem que falar: por que os policiais estavam atuando sem câmeras?
O decreto publicado em julho no Diário Oficial determina que agentes de segurança das tropas de elite das polícias civil e militar - Bope, Core e Batalhão de Choque - passem a adotar o uso de câmeras nas fardas. O documento atende a uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF). Indagada anteriormente sobre o assunto, a PM respondeu em nota que "está em fase de elaboração uma resolução conjunta com a Secretaria de Estado de Polícia Civil que vai regulamentar o uso das câmeras corporais pelas forças especiais. Cabe informar que o cronograma de implantação foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e será respeitado conforme determinado pela Corte".
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