Fascinante livro de
Walter Tevis
publicado em 1963,
“O homem que caiu na Terra”
é centrado em Thomas Newton, alienígena que desembarca na Terra munido do objetivo de salvá-la e, principalmente, o seu planeta, Anthea, ameaçado de extinção. O livro rendeu uma adaptação para o cinema, em 1976, dirigida por Nicolas Roeg e protagonizada por
David Bowie
, versão que não foi concebida com o intuito de prestar fidelidade convencional à obra de origem, mas não chega a abandonar completamente o fio do enredo. Em parceria com o dramaturgo
Enda Walsh
, Bowie criou o musical
“Lazarus”
, que, agora, ganha encenação assinada por
Felipe Hirsch
.
O brilho da escrita de Tevis reside, entre outros fatores, no detalhamento do impacto físico sofrido por
Newton
na Terra e na valorização do contraste entre os símbolos de um universo marcado pela exatidão (a concretude dos gráficos, fórmulas, equações, próprios das profissões dos personagens) e as imagens da natureza no interior dos Estados Unidos. Essas características aparecem pouco no espetáculo, que privilegia a construção estética (bastante soturna) em detrimento do texto propriamente dito.
Com elenco formado por 17 atores, o espetáculo dirigido por Tadeu Aguiar é a primeira adaptação brasileira para a produção da Broadway inspirada no famoso filme de Steven Spielberg (de 1985): a superprodução conta com banda de oito músicos, 90 figurinos e cenário giratório construído com duas toneladas de ferro.
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Até 12 de abril, no Teatro Riachuelo
.
'Quarta-feira, sem falta, lá em casa'
Suely Franco e Nicette Bruno interpretam amigas de longa data, que se reúnem para um bate-papo semanal regado a chás, no espetáculo com texto de Mário Brasini, sob direção de Alexandre
Reinecke.
Até 22 de março no Teatro Claro Rio
.
'Pá de cal (Ray-lux)'
O suicídio do membro mais jovem de uma família dá o pontapé da trama com texto de Jô Bilac. Apresentada pela Cia Teatro Independente, a história segue os dramas marcados por conflitos inesperados e terceirizações de responsabilidades.
Até 20 de abril, no CCBB
.
'A hora da estrela ou O canto de Macabéa'
Laila Garin protagoniza a versão musical para o livro "A hora da estrela", de Clarice Lispector. Com adaptação e direção de André Paes Leme, a narrativa sobre a vida de uma imigrante nordestina no Rio é embalada por canções inéditas de Chico César. Até 13 de junho, gratuito, com
transmissão
via YouTube.
'O método Grönholm, em busca de um emprego'
Lázaro Ramos assina a direção da comédia escrita pelo espanhol Jordi Galceran, que ganha montagem com os atores Luis Lobianco, George Sauma, Raphael Logam e Anna Sophia Folch. A narrativa acompanha a disputa de quatro executivos por uma vaga numa multinacional, em dinâmica que envolve situações inusitadas.
Até 29 de março, no Teatro Prudential
.
Eliane Giardini e Antônio Gonzalez estrelam o drama de Edward Albee, em montagem dirigida por Guilherme Weber. A trama segue um homem e uma mulher que estão prestes a se separar após 30 anos de casamento,
em meio a uma crise que os obriga a revisar suas vidas.
Até 26 de abril, no Teatro Poeira
.
'A esperança na caixa de chicletes Ping Pong'
A atriz Clarice Niskier (do sucesso "A alma imoral") se inspira na obra poético-musical do cantor e compositor Zeca Baleiro neste monólogo em que ela desfia sentimentos e percepções sobre o Brasil, a vida, o sucesso e o amor. Amir Haddad assina a supervisão da direção.
Até 26 de abril, no Teatro Petra Gold
.
'Riobaldo'
Amir Haddad dirige a
adaptação do livro “Grande sertão: Veredas”
, de João Guimarães Rosa, encenada pelo ator Gilson de Barros. O monólogo acompanha o ex-jagunço Riobaldo, hoje um próspero fazendeiro, em meio a lembranças de sua vida com as três mulheres que determinaram sua travessia: Diadorim, Nhorinhá e Otacília.
'O clássico êxodo'
O Coletivo Arame Farpado propõe uma reflexão acerca da mobilidade urbana no Rio nesta montagem sobre a história de uma mulher que passará o equivalente a 30 anos de sua vida usando transporte público. Durante o espetáculo, uma das atrizes se desloca da Zona Oeste à Zona Sul, transmitindo sua jornada ao vivo em projeção para a plateia.
Até 29 de março, no Sesc Copacabana
.
'Lazarus'
O musical escrito por David Bowie e Enda Walsh ganha primeira montagem brasileira. Sob direção de Felipe Hirsch — e com Jesuíta Barbosa como protagonista —, a história acompanha os dramas de um alienígena na Terra.
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Até 15 de março, no Teatro Multiplan
.
Adaptação do conto escrito por Guimarães Rosa, a peça chega ao Rio após elogiadas temporadas em São Paulo, onde se manteve em cartaz por três anos. Sob direção de Antonio Januzelli, o ator Rui Ricardo Diaz se divide entre diversos papéis para compor a jornada de redenção de um sertanejo poderoso.
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Até 12 de abril, no Teatro Poeirinha
.
'Ao redor da mesa, com Clarice Lispector'
Ester Jablonski dirige (e participa do elenco, ao lado de outros três atores) da montagem com texto de Clarisse Fukelman. A peça apresenta o encontro da escritora Clarice Lispector com ela mesma, 20 anos mais velha, no início dos anos 1960.
Até 29 de março, no Sesc Copacabana
.
'Bordados'
O espetáculo do grupo Amok Teatro acompanha uma sessão de chá entre mulheres árabes. Entre colocações sobre casamento, paixões e família, elas refletem sobre os desafios de viver numa sociedade marcada pela tensão
entre tradição e modernidade.
Até 3 de maio, no CCBB
.
'O que só passarinho entende'
Baseado no conto “Totonha”, de Marcelino Freire, e inspirado na obra do poeta
Manoel de Barros, o espetáculo da companhia Cobaia Cênica apresenta as
singularidades de uma mulher que acredita que o real valor de sua existência
está no conhecimento empírico, diretamente ligado à natureza.
Até 29 de março, no Teatro Cesgranrio
.
Eduardo Wotzik faz as vezes de um sacerdote que propaga, numa missa (com direito a cantos coletivos e pedidos constantes para a plateia sentar e levantar), determinadas mensagens deixadas pela escritora Clarice Lispector.
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Até 5 de abril, no Teatro Maison de France
.
'Leopoldina, independência e morte'
Com texto e direção de Marcos Damigo, o espetáculo recria determinados momentos na vida da mulher consagrada como imperatriz do Brasil entre 1817 e 1826, destacando sua importância decisiva no processo de independência do país.
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Até 29 de março, no Teatro Petra Gold
.
'Quebrando regras — Um tributo a Tina Turner'
Com dramaturgia de Stella Maria Rodrigues, o musical dirigido por João Fonseca canta e conta determinados aspectos do Brasil dos anos 80 a partir da história de duas mulheres que vão ao show de Tina Turner no Maracanã, em 1988. As atrizes Evelyn Castro e Kacau Gomes protagonizam a peça.
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Até 29 de março, no Teatro Claro Rio.
'A vida passou por aqui'
Há mais de três anos em cartaz, a
peça com texto de Claudia Mauro
, que também divide a cena com o ator Édio Nunes, acompanha as lembranças de uma solitária professora e um bem-humorado faxineiro, que desenvolveram uma amizade ao longo de cinco décadas.
'Uma relação tão delicada'
Adaptação do texto escrito pela francesa Loleh Bellon, a peça ganha montagem dirigida por Ary Coslov. Em cena, as atrizes Rita Guedes e Letícia Isnard interpretam as diferentes fases nas vidas de mãe e filha — em 1989, a peça foi estrelada com sucesso por Irene Ravache e Regina Braga.
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Até 23 de março, no Teatro Vannucci.
“Lazarus” se impõe como uma
montagem
que desafia o espectador. O visual é sombrio, as letras das músicas de Bowie são projetadas em inglês e não existe a preocupação em contar a história com clareza. O elenco surge algo aprisionado dentro de uma estrutura formalista, ainda que evidenciando integração com a linguagem cênica, valendo destacar as interpretações de
Bruna Guerin
e, em especial,
Rafael Losso
. Há mais recompensas, além das atuações, para aqueles que enfrentarem a aridez da proposta.
Na imponente e instigante cenografia
de
Daniela Thomas
e
Felipe Tassara
, complementada pelas projeções, os atores se movimentam sobre uma superfície instável, transmitindo a sensação de corpos em desequilíbrio, como se estivessem à beira de um precipício. Apesar de serem bem diferentes, a direção de arte de “Lazarus” e a cenografia de “Não sobre o amor”, encenação que também resultou da conexão entre Hirsch e Thomas, parecem se comunicar. Desestabilizam os corpos ao retirá-los de suas posições tradicionais — no segundo caso, materializando, por meio da localização singular dos elementos no palco, o mundo às avessas dos personagens.
O gênero musical costuma ser associado à fruição despretensiosa. “Lazarus” demole essa articulação através da disposição ao risco.
Teatro Multiplan:
VillageMall. Av. das Américas 3.900, Barra — 3030-9970. Qui a sáb, às 21h. Dom, às 19h30. R$ 100 (plateia superior), R$ 200 (frisa e plateia superior nobre), R$ 300 (plateia) e R$ 400 (plateia VIP). 120 minutos. Não recomendado para menores de 16 anos. Até 15 de março.