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Por Ruan de Sousa Gabriel — São Paulo

A Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) anuncia nesta terça-feira (13) a curadoria de sua 21ª edição, que acontece entre os dias 22 e 26 de novembro. A informação foi antecipada com exclusividade ao GLOBO. A poeta, jornalista e editora Fernanda Bastos e a crítica literária Milena Britto assinarão a programação deste ano. Fernanda é fundadora da Figura de Linguagem, editora gaúcha especializada em autores negros, e Milena é professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e pesquisa, entre outros temas, literatura, gênero e estratégias de legitimação no campo literário.

Ao lado de Pedro Meira Monteiro, crítico literário e professor da Universidade Princeton, nos Estados Unidos, as duas compuseram o coletivo curatorial responsável pela festa de 2022, que foi realizada presencialmente após duas edições virtuais durante a pandemia e homenageou a escritora Maria Firmina dos Reis.

Diretor artístico da Flip, Mauro Munhoz elogia o trabalho do coletivo curatorial do ano passado e afirma que Fernanda e Milena têm a “sensibilidade” necessária para construir uma programação atenta ao que há de novo na cena literária.

As curadoras da Flip Fernanda Bastos e Milena Britto — Foto: Divulgação
As curadoras da Flip Fernanda Bastos e Milena Britto — Foto: Divulgação

— A missão da Flip é fazer emergir novos olhares, novos narradores. Tanto Fernanda como Milena estão atentas à literatura produzida fora do Brasil e são capazes de medir o impacto que ela tem aqui dentro — diz Munhoz, que também destaca a relação das duas curadoras com clubes de leitura.

Promover diálogos

Em ascensão no Brasil há alguns anos, os clubes de leitura têm contribuído para o resgate de autores do passado (sobretudo mulheres, pessoas não brancas e LGBTs), como a própria Maria Firmina dos Reis, e para a maior circulação de nomes que passam ao largo das grandes editoras. A Flip tem objetivo semelhante, dizem as curadoras. Em conversa com o GLOBO, elas dão algumas pistas do que esperar da programação deste ano, que deve ser anunciada em outubro.

Ambas ressaltam o desejo de promover diálogos entre a produção brasileira e tendências internacionais, baseados tanto na temática dos livros quanto nas inovações estéticas propostas pelos autores (o que já se viu no ano passado com a profusão de autores de não ficção literária, como a Nobel de Literatura Annie Ernaux). Elas também querem aproveitar a Flip para iluminar escritores que nem sempre ocupam as vitrines das livrarias, mas cuja obra merece atenção. E apostar na diversidade, o que, elas insistem, não se limita a origem, raça, gênero ou sexualidade dos convidados, mas inclui a multiplicidade de projetos literários.

— Nos interessa ver qual é o estado da poesia, da ficção e da mistura de gêneros no mundo contemporâneo e como o Brasil expressa tudo isso à sua maneira — diz Milena. — A Flip é uma vitrine, um lugar onde o que foi invisibilizado volta a ser debatido e onde surgem novas vozes. Queremos mostrar uma parte do Brasil que nós, brasileiros, não enxergamos direito e usar o que é estrangeiro para fazer essa provocação.

Polifonia

Mas nada disso quer dizer que a festa será muito cabeçuda, dizem as curadoras e o diretor artístico. De uns anos para cá, desde que a Flip abraçou a diversidade e as editoras independentes, surgiram reclamações de que a festa teria trocado a literatura pela política e, tirando um ou outro nome, já não traria autores badalados como no passado, quando Eric Hobsbawm, Jonathan Franzen e Isabel Allende desfilavam por Paraty.

Munhoz afirma que, duas décadas atrás, havia mais unanimidades literárias e que hoje o mercado editorial é muito mais “polifônico”. Já Milena garante que a festa vai ser pop sim, ainda que “algumas conversas causem preguiça em algumas pessoas”. E Fernanda lembra que os circuitos independentes também ditam o que é pop.

— Acreditamos que todos os nossos convidados têm potencial para serem muito lidos. Ao pensar a programação, queremos olhar para além das leituras já estabelecidas e buscar afinidades que, à primeira vista, podem parecer insólitas. Mas nossa curadoria não será hermética — diz Fernanda, que ainda dá uma dica sobre o perfil que elas procuram no autor homenageado. — Buscamos uma figura que nos permita olhar para o nosso passado com orgulho e pensar em como melhorar o ecossistema literário atual.

Segundo Munhoz, a curadoria já chegou a uma lista de poucos candidatos a autor homenageado e está em discussão com editoras e detentores de direitos autorais. O anúncio deve ser feito até o fim de julho.

— Vamos fazer uma Flip para o Brasil todo, não só para uma porção dele — promete Milena. — Não queremos mais do mesmo.

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