Dois israelenses morreram após terem sido baleados, nesta quinta-feira, em um posto de gasolina próximo ao assentamento de Eli, na Cisjordânia ocupada. As vítimas eram dois homem, um de 17 anos e outro de 57 anos. O atirador, identificado como policial da Autoridade Nacional Palestina pela agência israelense, foi morto por um dono de restaurante que presenciou a cena. O mesmo posto presenciou em junho passado outro ataque a tiros, que deixou quatro pessoas mortas.
A Magen David Adom, o equivalente israelense à Cruz Vermelha, disse que os corpos das vítimas foram encontrados com marcas de tiros no posto de gasolina pouco depois das 17h (12h no horário de Brasília), segundo o jornal Times of Israel. Um dos homens estava dentro de um carro, enquanto o outro estava caído na estrada próxima. Segundo o Haaretz, o homem de 57 anos foi identificado como Yitzhak Tseiger.
"Realizamos procedimentos médicos, mas (...) pouco depois tivemos que registrar a morte de dois homens", anunciou o serviço de emergência.
As Forças Armadas de Israel afirmaram que "um terrorista abriu fogo no posto de gasolina" perto do assentamento israelense de Ely, antes de ser "neutralizado". O dono de um restaurante relatou à imprensa israelense ter visto a cena e atirado contra o palestino. Aviad Gazbar disse ter regressado recentemente da Faixa de Gaza, palco da guerra entre Israel e Hamas desde 7 de outubro.
O agressor foi identificado pela Shin Bet, a agência de segurança interna de Israel, como Muhammad Manasra, de 31 anos. Ele seria policial da Autoridade Nacional Palestina (ANP), que administra a Cisjordânia. Ainda segundo a agência de inteligência, citada pelo Times of Israel, o homem foi preso entre 2018 e 2019 por crimes com armas.
Alarmes de suspeita de infiltração soaram em Eli logo após o ataque, e moradores foram instados a permanecer em suas casas durante 30 minutos. Os militares israelenses seguem fazendo buscas na região.
Mesmo local, mesmo ataque
O posto de gasolina perto de Ely já havia sido palco de um ataque a tiros em junho de 2023, no qual quatro israelenses morreram. Na ocasião, dois homens entraram em um restaurante no posto de gasolina atirando. O Hamas chegou a elogiar a ação, mas não a reivindicou.
Um israelense morreu na semana passada em um ataque perto do assentamento Maalé Adoumim, localizado entre Jerusalém e o Mar Morto, na Cisjordânia ocupada.
Desde o início da guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, em 7 de outubro, a Cisjordânia tem sido palco de incursões e ataques quase diários do Exército israelense, por vezes sangrentos, além de agressões perpetradas por palestinos contra israelenses.
O território palestino é ocupado ilegalmente por Israel desde 1967, e a expansão de assentamentos israelenses na região é condenada pela comunidade internacional. Estima-se que, nas últimas duas décadas, o número de colonos no território e no setor árabe de Jerusalém mais que dobrou, chegando a 475 mil. Na semana passada, Israel anunciou que planeja construir novos assentamentos na região, o que foi condenado pelos Estados Unidos, seu principal aliado.
De acordo com o Ministério da Saúde da ANP, tropas e colonos israelenses mataram pelo menos 400 palestinos na região desde o início do conflito, desencadeado pelo ataque sem precedentes do Hamas. A agressão deixou 1,2 mil mortos em Israel, majoritariamente civis, e fez mais de 240 reféns, segundo autoridades israelenses.
Em retaliação, a ofensiva do Exército de Israel causou a morte de mais de 30 mil pessoas, a grande maioria civis, segundo o último balanço do Ministério da Saúde do Hamas. Nesta quinta-feira, mais de cem palestinos foram mortos e dezenas ficaram feridas enquanto aguardavam em filas na Faixa de Gaza para receber ajuda humanitária. Autoridades palestinas acusam as Forças Armadas israelenses, que por sua vez alegam terem disparado para o ar e contra as pernas dos residentes que saqueavam os suprimentos humanitários.
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